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A agropecuária é exceção na crise

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Por Redação
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O setor agropecuário é o único da economia brasileira que vem suportando a crise e continua a crescer. Alguns dias depois de o IBGE ter anunciado sua segunda estimativa de safra de grãos de 2016, indicando uma produção de grãos de 211,3 milhões de toneladas, 0,9% a mais que em 2015, estabelecendo um recorde, o Ministério da Agricultura reavaliou para cima sua projeção para o Valor Bruto da Produção (VBP), incluindo a agricultura e a pecuária. O total deve chegar a R$ 515,24 bilhões em 2016, valor 1,9% superior, em termos reais, ao estimado no início de fevereiro e 0,7% mais que em 2015 (R$ 511,45 bilhões). É outro recorde.

A análise desses números indica que o aumento se deve às 20 principais lavouras, cujo VBP foi elevado em 2,8% em relação a 2015, chegando a R$ 338,63 bilhões. Já no que diz respeito à pecuária, a reavaliação do Ministério é de uma queda de 3% em relação ao ano passado, ficando o VBP em R$ 176,61 bilhões. Essa diminuição é atribuída ao cenário menos favorável para as proteínas de origem animal em geral, o que provavelmente decorre da redução do poder de compra do consumidor nacional, uma vez que as exportações de carnes vêm crescendo.

A soja em grão continua liderando o VBP, com um total de R$ 123,68 bilhões, registrando um aumento de 12,3% em comparação com 2015. Há indicações de que esse ganho se deve a uma elevação sensível de produtividade. De fato, o IBGE indica que a estimativa da safra de soja é de um crescimento de 4,9% em 2016, enquanto a área plantada com o produto só deve ampliar-se 2,7%. Mais uma vez os produtores de soja mostram sua eficiência.

Menção especial merece também a cultura de milho, cujo VBP deve crescer 3,7%, sempre em comparação com o ano anterior, o que se deve a um mercado muito receptivo ao produto. Para surpresa dos analistas, as exportações de milho em grão no primeiro bimestre deste ano foram de US$ 1,627 bilhão, nada menos que 103,43% a mais que em janeiro/fevereiro de 2015 (US$ 799,86 milhões). Em vista desse salto, o milho figura hoje como o principal item das exportações brasileiras.

Na realidade, o que se constata é que, com a queda das exportações de minério de ferro e de petróleo em bruto, são os produtos agropecuários – como os do complexo soja, milho, carnes bovina e de frango, café em grão, algodão em bruto – que vêm sustentando as vendas externas brasileiras de produtos básicos