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A cesta básica subiu mais em áreas de menor renda

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Por Redação
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Depois de aumentar em todo o ano passado e em janeiro, o valor da cesta básica de alimentos calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) teve a alta atenuada em fevereiro, quando os preços cresceram em 13 capitais pesquisadas e diminuíram em 14 cidades. O problema é que em cidades onde predomina a população de baixa renda os preços médios da cesta subiram muito, acentuando as dificuldades dos habitantes.

A cesta do Dieese é formada por carne bovina, tomate, pão francês, café em pó, açúcar, óleo de soja, batata, feijão, arroz, leite, manteiga, farinha e banana. Os cálculos sobre a cesta de alimentos tomam como base a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE, abrangendo as famílias com renda entre 1 e 3 salários mínimos. Refletem assim os efeitos da inflação de alimentos sobre a base da pirâmide social – a mais atingida pela recessão. Não se pode ignorar os efeitos políticos do aumento desses preços, decorrentes da perda do grau de confiança do consumidor.

Em 2015, com altas generalizadas entre o mínimo de 11,41% em Manaus e o máximo de 23,67% em Salvador – em todos os casos acima da inflação anual de 10,67% –, foi muito difícil para a população mais pobre manter o padrão de consumo alimentar. A situação persistiu em janeiro com altas mais fortes em Goiânia, Aracaju, Palmas e Brasília.

Em fevereiro, começaram a ser sentidos os primeiros sinais de desaceleração dos preços desses itens. Em São Paulo, onde o preço da cesta básica é o mais elevado, superando Brasília pela primeira vez, houve queda de 1,1% em relação a janeiro. Mas em Macapá os preços subiram 8,93%, em Belém aumentaram 8,64% e em Manaus cresceram 7,92% – porcentuais altíssimos. Em contrapartida, houve deflação nos itens da cesta básica em Vitória (8,45%), Palmas (7,8%) e Campo Grande (6%).

Em fevereiro subiram muito os preços do óleo de soja (a maior alta foi de 16,76%, em Macapá), feijão (o tipo carioquinha aumentou 22,77% em Aracaju), leite, açúcar e farinha de mandioca. Em todos esses casos se trata de itens de substituição difícil – em alguns casos, impossível.

Com boas safras e recessão econômica acentuada, é provável que a alta do custo da cesta básica seja mais moderado neste ano. Mas os aumentos de 2015 não deverão ser compensados nem haverá mais emprego e renda real para que as famílias recuperem seu padrão de consumo.