Imagem ex-librisOpinião do Estadão

A demorada recuperação dos serviços

Cabe enfatizar que o setor de serviços não pode ser analisado isoladamente da indústria e do comércio. Por isso a queda de março reforça o temor de que uma forte retomada econômica ainda tardará

Exclusivo para assinantes
Por Redação
1 min de leitura

Em março, deixou a desejar o comportamento do setor de serviços medido pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, reforçando o temor de que a recuperação econômica será lenta, como já se havia observado na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada um dia antes. Entre fevereiro e março, o volume de serviços prestados caiu 2,3%, após a leve alta de 0,4% entre janeiro e fevereiro.

Relativamente a março de 2016, o recuo foi de 5%, mas na comparação entre o último trimestre de 2016 – quando a queda foi de 6% em relação ao trimestre anterior – e o primeiro trimestre de 2017 o resultado foi zero.

Seria possível falar em estagnação dos serviços entre janeiro e março, mas a maioria dos economistas preferiu dar ênfase à queda. Com números tão ruins, “talvez tenhamos de rever nossa estimativa para o PIB deste ano”, disse o economista Everton Carneiro, da RC Consultores. Outro economista, Thiago Xavier, da Tendências Consultoria, observou que a estabilidade do primeiro trimestre “interrompeu oito trimestres de queda, mas está associada a uma base de comparação bem deprimida”.

Dada sua relevância na pesquisa, o item serviços profissionais, administrativos e complementares puxou para baixo os resultados com queda do volume de 0,8% entre fevereiro e março, de 10,2% em relação a março de 2016 e de 6,1% nos últimos 12 meses, comparativamente aos 12 meses anteriores. Entre o último trimestre de 2016 e o primeiro trimestre de 2017 o recuo foi de 7,3%. “A perda está muito centralizada nas empresas que prestam serviços na área de óleo e gás”, disse Roberto Saldanha, do IBGE. A crise das empresas continua grave, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Também caiu, na comparação entre os primeiros trimestres de 2016 e 2017, o faturamento real dos serviços prestados às famílias (-4,2%) e dos transportes, serviços auxiliares e correios (-3,2%).

A PMS não engloba toda a atividade de serviços, ficando excluídos, por exemplo, segmentos como o financeiro e o governamental. Ainda assim a gama de serviços analisada reflete bem a evolução do setor.

Cabe enfatizar que o setor de serviços não pode ser analisado isoladamente da indústria e do comércio. Por isso a queda de março reforça o temor de que uma forte retomada econômica ainda tardará.