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A lenta desconcentração

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Por Redação
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É muito lento, ainda, o processo de desconcentração da geração de renda entre os municípios brasileiros. O crescimento, notável em vários casos, de municípios que se transformaram em polos industriais, agroindustriais ou de mineração ou que se beneficiaram intensamente da atividade de exploração ou refino de petróleo alterou a classificação quanto à geração de renda ou ao produto em relação à população (PIB per capita), mas ainda não foi suficiente para indicar a redução do peso que as principais cidades têm na economia brasileira.Os três maiores municípios brasileiros - São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília - responderam por 20,6% de toda a renda gerada pelo País em 2011, de acordo com a publicação Produto Interno Bruto dos Municípios 2011, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a colaboração de órgãos estaduais de estatística, entre outras instituições públicas. É uma fatia 0,2 ponto porcentual menor do que a constatada em 2010.Considerados os seis maiores municípios brasileiros, com a inclusão de Curitiba, Belo Horizonte e Manaus, a participação na geração da renda do País sobe para 24,5%. Ou seja, esses municípios respondem por praticamente um quarto da renda nacional. A participação desses grandes municípios na geração da renda do País tem variado muito pouco nos últimos anos: 25,3% em 2007, 25,0% em 2008, 25,5% em 2009 e 24,9% em 2010.A perda de participação de 2010 para 2011 deveu-se à redução da parcela da renda gerada no Município de São Paulo, que passou de 11,8% do total para 11,5%. A capital paulista foi o município cuja participação na geração da renda do País registrou a maior redução (de 0,3 ponto porcentual) no período. De acordo com o IBGE, essa redução se deveu ao comportamento dos setores de comércio e serviços de manutenção e reparação e aos serviços de intermediação financeira.A segunda maior queda, de 0,1 ponto porcentual, foi a do município de Betim (MG), importante polo automobilístico nacional. A redução deveu-se à queda da produção de autopeças (em razão dos estoques elevados) e da renda gerada pelo refino de petróleo.O IBGE atribui a menor geração de renda na atividade de refino à alta do petróleo. Mais provável, porém, é que a principal causa dessa redução tenha sido a política de preços dos derivados de petróleo imposta à Petrobrás pelo governo, que comprimiu a receita da estatal e, consequentemente, os tributos por ela devidos e que abastecem os cofres públicos.Se reduziu a fatia de alguns municípios na renda gerada no País, a alta do petróleo teve papel impressionante no aumento da participação daqueles situados nas proximidades das grandes áreas de exploração. Campos de Goytacazes (RJ), por exemplo, principal polo urbano da bacia petrolífera que leva seu nome, foi o município brasileiro que registrou o maior ganho de participação na renda, passando de 0,7% do PIB em 2010 para 0,9% em 2011.Também graças ao petróleo, o município de Presidente Kennedy (ES) foi o que registrou o maior PIB per capita, quase 18 vezes maior do que o PIB per capita do País.A atividade mineradora também provoca mudanças notáveis na participação dos municípios no PIB. O caso exemplar é de Parauapebas, no Pará, que detinha 0,3% do valor bruto adicionado da indústria nacional em 2007 e, em 2011, era responsável por nada menos do que 1,8%, superando até mesmo a capital estadual, Belém.É destacada a presença de municípios paulistas na renda nacional. Em 2011, os nove maiores (pela ordem, São Paulo, Guarulhos, Campinas, Osasco, São Bernardo do Campo, Barueri, Santos, São José dos Campos e Jundiaí) responderam por 18,04% do PIB brasileiro. Entre os 50 maiores geradores de renda, há 15 municípios paulistas (além dos nove maiores, a lista inclui Ribeirão Preto, Sorocaba, Santo André, Diadema, São Caetano do Sul e Piracicaba). Considerados os 31 municípios paulistas que estão na lista dos 100 maiores do País, sua fatia no PIB nacional chega a 23,2% do total, quase um quarto de tudo o que se produz aqui.