Um balanço das negociações coletivas de 2017 mostrou que os acordos, em média, foram melhores para os trabalhadores do que os de 2016. Na média, esses acordos propiciaram algum ganho real - ou seja, superior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o que mostrou o boletim Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe-USP), com base em dados dos acordos coletivos e das convenções coletivas divulgados na página Mediador do Ministério do Trabalho e Emprego. Foram avaliados 35.659 acordos e convenções e em apenas 137 casos houve redução de jornada e de salários, número 65% inferior ao de 390 casos observados em 2016. O piso médio de salários cresceu 4% em 2017, quase o dobro do INPC de 2,1%. Índices de correção salarial inferiores à inflação só foram registrados em 10% dos acordos de 2017, depois de terem atingido 46,5% em 2016. O coordenador do Salariômetro, Hélio Zylberstajn, considerou as negociações de 2017 muito positivas, levando em conta que foi um ano caracterizado pela "baixa atividade econômica e pelo alto desemprego". O resultado anual, segundo Zylberstajn, foi favorecido pelo recuo rápido da inflação: o INPC registrou sua menor marca histórica. Houve baixa dispersão: em 2017, os reajustes reais variavam no intervalo de 0 a 2,72%, contra -4,62% a +0,19% em 2016. Reajustes reais mais elevados foram obtidos pelos trabalhadores de 14 setores, com destaque para reparação de eletroeletrônicos, artefatos de borracha, hospitais e serviços de saúde, confecções e vestuário e bancos e serviços financeiros. Os menores reajustes reais foram observados em 10 setores, entre os quais telecomunicações e tecnologia da informação, empresas jornalísticas, agronegócio da cana, despachantes e autoescolas, além de venda, compra, locação e administração de imóveis. Os reajustes reais medianos mais altos foram registrados no Amazonas, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Roraima e São Paulo. Os mais baixos ocorreram na Paraíba, em Sergipe e no Acre. O resultado dos acordos ajuda a explicar o aumento do consumo das famílias em 2017. Em 2018, com maior ritmo das atividades, o quadro continuará favorável ao incremento da renda do trabalho.