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Avança o ajuste das contas do BNDES

O balanço do terceiro trimestre do banco registrou um lucro líquido de R$ 6,4 bilhões, mais que compensando o prejuízo de R$ 2,1 bilhões do primeiro semestre

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Por Redação
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O balanço do terceiro trimestre do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou um lucro líquido de R$ 6,4 bilhões, mais que compensando o prejuízo de R$ 2,1 bilhões do primeiro semestre. O resultado foi possível porque o banco reconheceu calotes, o que lhe permitiu apurar créditos tributários no montante de R$ 4,5 bilhões. Ao mesmo tempo, o BNDES aumentou os recursos em caixa, constituiu maiores provisões para devedores duvidosos e mostrou números que facilitarão a devolução de R$ 100 bilhões para o Tesouro Nacional aprovada na quarta-feira passada pelo Tribunal de Contas da União.

Está em curso a fase de ajustes do BNDES. Entre dezembro de 2015 e setembro de 2016, a carteira de operações de crédito foi reduzida de R$ 402 bilhões para R$ 365 bilhões e os repasses interfinanceiros, de R$ 293 bilhões para R$ 269 bilhões. Essa política que havia começado em 2015 intensificou-se neste ano. Os recursos em caixa aumentaram de R$ 35 bilhões para R$ 96 bilhões, dando mais flexibilidade ao banco.

As provisões para devedores duvidosos aumentaram em mais de R$ 7 bilhões, valor que não deverá ser repetido nos próximos meses, segundo o diretor de Controladoria, Ricardo Baldin. O banco antecipa-se aos efeitos futuros da crise econômica sobre seus clientes. Mais empresas tiveram sua classificação de risco rebaixada, disse Baldin.

De fato, a inadimplência de até 30 dias correspondeu a 1,96% das operações do banco até setembro, contra apenas 0,06% em dezembro de 2015. Grande investidor em ações por intermédio da subsidiária de participações BNDESPar, o banco ampliou seu patrimônio de referência de R$ 95 bilhões para R$ 130 bilhões, melhorando o índice de Basileia (que mede a proporção entre o patrimônio e as operações) para quase o dobro do necessário. O índice atingiu 19,4%, superior ao de junho (16,1%) e ao de dezembro de 2015 (14,7%).

Ficam para trás os tempos em que o banco concedia vultosos empréstimos a empresas “amigas” do governo. Como outras estatais, arruma as contas para quando o País voltar a crescer e os empréstimos de longo prazo se tornem ainda mais cruciais para promover o investimento.