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Cenário piora para o setor de serviços

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Por Redação
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Com o desaquecimento da atividade econômica em geral, não se esperava que o setor de serviços, há dez meses no vermelho, apresentasse recuperação em janeiro, tradicionalmente um mês de movimento fraco. O resultado da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), porém, foi pior do que se poderia antecipar: queda de 5% em termos reais em comparação com o mesmo mês de 2015, o pior resultado de janeiro desde o início da série histórica, em 2012. Em 12 meses, o recuo é de 3,7%.

Segundo o técnico Roberto Saldanha, do IBGE, o maior impacto sobre o setor de serviços decorre da demanda bem menor de transporte pelas empresas. Com a queda da produção e das vendas, as empresas cortaram gastos com frete, que levaram a um recuo de 12,1% no resultado do transporte terrestre.

Das cinco categorias analisadas pelo IBGE, a única que se salvou foi a atividade turística, que registrou um ligeiro aumento de 0,5% em janeiro, um mês de férias, depois de ter recuado 1,6% em dezembro e 1,9% em novembro. Vê-se que as famílias tiveram de poupar gastos em suas férias anuais, como vêm fazendo em todo o seu orçamento. A PMS mostra que os serviços prestados às famílias tiveram queda de 4,1%.

A categoria de serviços de informação e comunicação, que ainda apresentava crescimento em 12 meses, também foi para o território negativo, com queda de 0,2% no período anual e de 2,1% em relação a janeiro do ano passado.

Os resultados de janeiro, repetindo o de dezembro de 2015, reforçam o pessimismo quanto à evolução este ano do setor de serviços, que tem peso de cerca de 65% no Produto Interno Bruto (PIB). Economistas já projetam uma retração de 3,4% do setor em 2016, resultado bem pior que o de 2015 (queda de 2,7%).

O fechamento de pequenas e médias empresas na área de serviços pode se acelerar em face das dificuldades de caixa, num ambiente de crédito escasso e caro. Em termos nominais, a receita do setor teve queda de 0,1% em comparação com janeiro do ano passado. Considerando a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a queda de receita foi de 7,40%.

Os analistas preveem que o cenário deve piorar nos próximos meses, com efeito mais profundo no desemprego, lembrando que os setores de comércio e serviços respondem por 27 milhões de postos formais de trabalho no País.