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Confiança ainda vacilante

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Por Redação
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A confiança do empresário industrial aumentou pelo segundo mês consecutivo, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O otimismo, é bom ressalvar, é em relação aos próximos seis meses. O entusiasmo em relação ao presente continua muito baixo, embora o indicador de evolução da atividade tenha melhorado, em agosto, também pelo segundo mês, de acordo com outra pesquisa da entidade. Nem o programa de modernização e ampliação da infraestrutura parece ter causado muita animação, apesar do falatório e das promessas oficiais. Em termos gerais, no entanto, as novas informações são positivas. Seus desdobramentos poderão ser melhores, se a mudança de humor do empresariado resultar em mais investimentos produtivos e em maior empenho na busca de competitividade. Mais ressalvas, no entanto, são necessárias. Embora os indicadores de confiança tenham subido de agosto para setembro, continuam, na maior parte, inferiores aos de setembro de 2012. A avaliação das condições atuais subiu de 43,7 pontos para 46,2, mas um ano atrás estava em 49,3. Os índices variam de zero a 100. Abaixo de 50 denotam pessimismo. Acima dessa marca, otimismo.Em relação aos próximos seis meses, a pesquisa apontou uma elevação de 56,9 para 58,2, número ainda bem abaixo do registrado em setembro do ano anterior, 61,5. De modo geral, a situação e as perspectivas da própria empresa são julgadas mais positivamente que as condições da economia brasileira. A combinação dos índices de situação atual e de expectativas resulta no Índice de Confiança do Empresário Industrial. Quando se examinam os detalhes, o cenário fica ainda menos animador. Dos três grandes setores, só o extrativo apresenta um nível de confiança empresarial (57,7) mais alto que o de um ano antes (57,3). Na construção, o resultado geral (53,5) é muito mais baixo que o de setembro de 2012 (57,6). No segmento de construção de edifícios o índice de confiança ficou em 53,9 pontos. Um ano antes era de 57,3. No de infraestrutura, o indicador caiu de 57,7 pontos em setembro de 2012 para 51,5 em agosto deste ano e 52,2 neste mês. É fácil entender esse quadro, quando se consideram o baixo grau de execução dos investimentos públicos e as trapalhadas do governo na realização de licitações para a atração de capitais privados. No terceiro grande setor, o da indústria de transformação, o panorama é especialmente sombrio. Só em 2 dos 28 segmentos - outros equipamentos de transporte e manutenção e reparação - o índice geral de confiança dos empresários foi mais alto que um ano antes. Em todos os demais houve queda entre setembro de 2012 e setembro de 2013, em alguns casos muito grande. Exemplos de ampla variação negativa são as indústrias de limpeza e perfumaria (de 61,3 para 52,7) e de máquinas e materiais elétricos (de 57,1 para 48,4 pontos). Os sinais de recuperação dos negócios continuam muito fracos. A evolução da atividade continuou muito moderada, no mês passado. O indicador apurado pela CNI subiu de 52,1 para 52,7 pontos e ficou abaixo do estimado um ano antes, 54,7. O estoque continuou pouco acima do planejado, com variação muito pequena.Dois meses de elevação do índice de confiança, de julho para agosto e de agosto para setembro, foram insuficientes, portanto, para o retorno ao nível de um ano antes, mas é preciso, ainda, levar em conta mais um detalhe negativo. Nos últimos meses, a indústria, especialmente a de transformação, passou a demitir, depois de haver, durante a maior parte da crise, contribuído para a sustentação do nível geral de emprego. Em agosto, o nível de ocupação na indústria paulista diminuiu 0,3%. Em 12 meses, a queda chegou a 1,49%, em mais uma comprovação do fracasso da política econômica. A avaliação geral captada pela CNI também é negativa. Quanto a número de empregados, a sondagem mostrou ligeira melhora de julho para agosto, de 48,5 para 49,2 pontos, mas o indicador, além de permanecer abaixo de 50, continuou inferior ao de um ano antes, de 49,8.