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Contas à espera dos cortes das despesas do governo

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Por Redação
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Embora as necessidades de financiamento do setor público apresentem um superávit primário de 2,81% do PIB, ante 2,79% no mês anterior, não se pode ter ilusão com resultados que se referem a um mês totalmente atípico, já que as receitas são de atividades do mês anterior, enquanto as despesas se reduzem no primeiro mês do ano.Já os resultados do Tesouro Nacional, divulgados na véspera, que correspondem ao governo central, mostravam, na análise das necessidades de financiamentos do setor público (em que respondem por 66,8% do déficit nominal), que as despesas acompanhavam o aumento das receitas, havendo recuo só das despesas de capital.Não se pode deixar de assinalar que em janeiro de 2010 o governo central apresentou superávit nominal de R$ 1,7 bilhão, e, neste primeiro mês do ano, tem um déficit de R$ 1,0 bilhão.Os governos regionais continuam com superávit nominal e as empresas estatais, em relação a dezembro, tiveram forte aumento (53,8%) do déficit nominal, por não depender, como os governos estaduais, de receitas tributárias. O que se verifica é a manutenção nos três últimos meses (novembro a janeiro) de um elevado montante de juros nominais superior ao resultado primário, que deveria servir para pagar esses juros. É preciso assinalar que, no caso da dívida do Tesouro, os juros não pagos são cobertos por uma emissão suplementar de títulos da dívida. Para tapar o buraco decorrente do déficit nominal foram emitidos R$ 54,6 bilhões em títulos da dívida mobiliária, valor compensado parcialmente por uma redução da dívida bruta bancária, financiamento externo e base monetária...Os dados divulgados até agora não permitem perceber uma mudança na administração das contas públicas. Existe uma grande expectativa em torno da divulgação do corte de R$ 50 bilhões de gastos orçamentários do governo federal, que deveria ser apresentado na próxima quarta-feira - corte que não pode limitar-se apenas às emendas dos membros do Congresso, que raramente são aceitas pelo governo. Sabemos das dificuldades que o governo enfrenta em razão dos limites muito estreitos do que poderia cortar, pois há gastos que se tornam obrigatórios, e que o governo anterior aumentou sem pensar que estava tornando impossível a administração das finanças públicas. Deixou, assim, como opção, apenas o corte de investimentos que, aliás, com os compromissos assumidos para a realização da Copa e da Olimpíada, será muito difícil de realizar...