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Demanda de crédito cresce com o consumo

Dados do Banco Central (BC) sobre a evolução dos saldos das operações de crédito nos últimos meses confirmam o que o aumento das vendas de veículos e de produtos eletroeletrônicos de maior valor sugeriam: os consumidores estão mais propensos a contrair empréstimos

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Por Redação
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Dados do Banco Central (BC) sobre a evolução dos saldos das operações de crédito nos últimos meses confirmam o que o aumento das vendas de veículos e de produtos eletroeletrônicos de maior valor sugeriam: os consumidores estão mais propensos a contrair empréstimos. O crédito total do sistema financeiro continua a cair: em agosto, somou R$ 3,047 trilhões (0,1% menos do que no mês anterior e 2,2% menos do que um ano antes). Mas a queda deveu-se ao declínio da carteira de pessoas jurídicas (redução de 1% no mês), pois a de pessoas físicas aumentou (0,7% no mês e 3,2% sobre agosto de 2016).

É uma evolução modesta, mas que pode ser uma indicação de mudança de tendência, como já se nota em outros indicadores de produção e consumo. Dirigentes de bancos confirmam que, nos últimos meses, vem aumentando de maneira significativa a demanda de crédito por pessoas físicas, como resultado de maior confiança na economia, estimulada pela lenta, mas progressiva redução do desemprego. Esse segmento foi duramente atingido pela crise, que, além de fechar postos de trabalho, reduziu o rendimento real médio. Mas vai recuperando seu poder de compra e melhorando suas expectativas com relação ao futuro.

Mas a inadimplência ainda faz os bancos agirem com cautela. Dados da Boa Vista SCPC mostram que o indicador de recuperação de crédito, obtido a partir da quantidade de exclusões de seus registros de inadimplência, sem discriminar entre empresas e pessoas físicas, voltou a apresentar em setembro um resultado negativo de 5,5%, em relação a agosto, e de 3%, nos últimos 12 meses findos no mês passado. O quadro de inadimplência na economia brasileira mantém-se inalterado nos últimos meses.

O próprio Banco Central tomou a iniciativa de advertir, no fim de setembro, que não se deve esperar uma retomada do crédito em 2017, o qual deve se conservar, aproximadamente, no mesmo nível de 2016. Mas, pelo que se tem visto, isso será devido principalmente à situação das empresas em dificuldade.

Com a proximidade do fim do ano, não se exclui a hipótese de que o total das operações de crédito, puxadas pelo aumento do consumo – que tem sido impulsionado pela queda da inflação e da taxa básica de juros –, poderá apresentar um pequeno crescimento em 2017.