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Demanda limita o crédito imobiliário

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Por Redação
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Como parte das medidas de estímulo ao crédito que o governo vem tomando para tentar reanimar a economia, a Caixa Econômica Federal (CEF) elevou de 60% para 70% a parcela máxima de financiamento para a compra de imóveis usados, financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), bem como reabriu a possibilidade de empréstimo para a aquisição do segundo imóvel. Embora a decisão possa abrir espaço para mais negócios, o setor imobiliário, que amarga uma séria crise, a considera apenas um paliativo, prevendo um efeito limitado no mercado, pelo menos no futuro previsível.

A medida é uma reversão das normas contracionistas adotadas pela CEF e outros bancos públicos há cerca de um ano, de acordo com a política fiscal então adotada. O objetivo do governo agora é claramente o de ativar a economia, mas, dada a demanda muito fraca, não se acredita que seja viável o aumento de 13% do volume de contratações de empréstimos imobiliários neste ano previsto pela presidente da CEF, Miriam Belchior.

Num ambiente de desemprego em alta e redução da massa salarial, falta confiança para a tomada de crédito, tanto mais para um investimento de vulto, como a compra de imóvel, usado ou novo, até o valor de R$ 750 mil. Acima desse valor, o financiamento deve corresponder a 60% do valor do imóvel para os trabalhadores do setor privado (as porcentagens de empréstimo são mais elevadas para funcionários públicos).

Acresce que as famílias de baixa ou média renda, que poderiam beneficiar-se, estão altamente endividadas, cabendo notar que quanto maior for a parcela financiada, maior a prestação a pagar e, portanto, o risco de inadimplência. Pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) constatou que o número de consumidores brasileiros com compromissos em atraso, incluindo pagamento por serviços básicos, como água e energia, atingiu a marca de 58 milhões em fevereiro de 2016, o que representa 39,21% da população acima de 18 anos.

Em comparação com o mesmo mês de 2015, houve um aumento de 3,4 milhões no número de inadimplentes, apesar dos controles mais rígidos adotados por bancos e pelo varejo para vendas a crédito.

Este é um fator crucial, uma vez que, para a concessão de crédito imobiliário, o interessado deve comprovar que está com a ficha limpa.