Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Desemprego estável, mas em nível recorde

Exclusivo para assinantes
Por Redação
1 min de leitura

A estabilização do desemprego constatada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE no trimestre encerrado em maio não justifica nenhum otimismo. O número de desempregados, de 11,411 milhões no trimestre até abril, aumentou pouco, alcançando 11,440 milhões nos três meses até maio, e a taxa para os dois períodos permaneceu em 11,2%. Isso não significa que o quadro seja menos grave. O número de desocupados é 40,3% maior do que o constatado no trimestre encerrado em maio de 2015, quando a taxa de desocupação foi de 8,1%. Em um ano, mais 3,3 milhões de brasileiros ficaram desempregados.

Só na indústria, a população empregada caiu 1,415 milhão, redução de 10,7%, não contando as atividades terceirizadas. O setor de serviços, abrangendo informações, comunicação, entidades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, reduziu sua folha em 919 mil trabalhadores, recuo de 8,6%, na comparação com o trimestre até maio de 2015.

Isso explica as longas filas que se formam nos grandes centros diante de prédios comerciais ou fábricas quando há anúncio de vagas. Muitos, especialmente jovens que desejam ingressar no mercado de trabalho, voltam para casa frustrados, queixando-se de que se exige experiência e praticamente não há oportunidades para obtê-la.

Em comparação com o trimestre findo em fevereiro, foi registrada diminuição nos postos de trabalho na construção civil (-2,5%), o que pode ser o início de uma nova tendência, de desemprego também nesse segmento, em razão da conclusão de obras resultantes de lançamentos mais antigos. Caiu o emprego também em setores pouco afetados pela crise, como agricultura, pecuária e produção florestal (-1,7%). Neste ambiente, o rendimento médio real do trabalhador apresentou queda de 2,7%, ficando em R$ 1.982.

Em alguns setores, houve melhora, às vezes como resultado de readaptação. Mulheres que trabalhavam em outras áreas passaram a se dedicar a atividades domésticas, que tiveram aumento de 6,5% no emprego. O mesmo ocorreu com a área de conserto de automóveis e motos (mais 5,5%), favorecida pela preferência do consumidor por reparos de veículos usados à compra de novos. Houve aumento igualmente no emprego no setor de transporte, armazenagem e correio (5,5%).

Como sempre ocorre, a administração pública cresceu 2,5%.