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FGTS ajuda a infundir ânimo no consumo

Adotada em momento de incerteza quanto ao futuro da economia, a decisão do governo de liberar recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) revelou-se acertada pelo impacto no consumo e no equilíbrio financeiro das famílias

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Por Redação
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Adotada em momento de incerteza quanto ao futuro da economia, a decisão do governo de liberar recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) revelou-se acertada pelo impacto no consumo e no equilíbrio financeiro das famílias. Balanço da Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgado há dias mostrou que em março, primeiro mês de liberação dos valores pela gestora do FGTS, a Caixa Econômica Federal (CEF), cerca de metade dos saques foi destinada ao consumo de bens, em especial de vestuário e calçados.

Até meados de maio, segundo os últimos dados disponíveis, a CEF liberou R$ 24,4 bilhões em recursos do FGTS para 16 milhões de titulares de contas inativas por demissões até 3/12/2015. Outros 15 milhões de trabalhadores poderão sacar recursos estimados em R$ 18,6 bilhões de suas contas inativas no fundo com base na Lei 13.446/2017. No total, o volume de depósitos que poderão ser sacados das contas inativas é calculado pelas autoridades em R$ 43 bilhões.

Dos R$ 5,5 bilhões liberados em março, R$ 2,65 bilhões se destinaram a materiais de construção, farmácia e perfumaria (além de vestuário e calçados). Edmundo Lima, diretor da Associação Brasileira de Varejo Têxtil, constatou alta de vendas de vestuário de 11,7% entre abril de 2016 e abril de 2017, melhor desempenho mensal desde fevereiro de 2011. O FGTS, nota Lima, contribuiu para o resultado positivo. Segundo o presidente da Anamaco (associação dos lojistas de materiais de construção), Cláudio Conz, as vendas de março superaram as de fevereiro em 11%.

As dimensões do varejo são, de fato, expressivas o bastante para que só se possa falar de bons resultados em relação ao mês anterior, pois não é possível saber se os resultados serão ou não sustentáveis. Inegável é que numa conjuntura de baixa confiança e elevado desemprego se afigure bem-vindo qualquer estímulo que não ameace as contas públicas.

Se cerca da metade dos recursos liberados do Fundo de Garantia foi para o consumo, a outra metade serviu para a quitação de dívidas, certamente algumas vencidas, ou para fazer alguma aplicação financeira. Isso mostra que o consumidor parece consciente de que deve reduzir o endividamento – o que já ocorreu em maio, segundo outra pesquisa da CNC – ou fazer alguma reserva financeira para situações de aperto.