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Há futuro, mas falta presente na construção

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Por Redação
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Os empresários da construção civil estão menos pessimistas com o futuro, mas a situação corrente é ruim e piorou em abril, segundo a Sondagem da Indústria da Construção da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). As incertezas quanto ao programa Minha Casa contribuem para tornar o momento mais difícil.

Caíram, no mês passado, tanto o nível de atividade quanto o emprego na construção, conforme amostragem de 607 empresas ouvidas entre 2 e 12 de maio. Para uma linha divisória de 50 pontos, que separa os campos positivo e negativo, o nível de atividade caiu de 37,5 pontos em março para 36,4 pontos em abril. O indicador foi ainda mais baixo entre dezembro e fevereiro, quando oscilou entre 33,3 pontos e 35,2 pontos. A recuperação registrada em março não se sustentou.

Grandes empresas de infraestrutura foram as que mais contribuíram para a queda: o nível de atividade em relação ao usual registrou apenas 26,4 pontos, em média, e 23,3 pontos na infraestrutura. No geral, o número de empregados cedeu de 36,6 pontos para 35,7 pontos e a utilização da capacidade foi de apenas 54%, chegando a 50% na infraestrutura.

Na direção contrária, as expectativas saíram de 39,7 pontos em março para 40,6 pontos em abril, atingindo 44,2 pontos nas pequenas empresas – também mais otimistas que grandes e médias nos itens compra de insumos e matérias-primas e número de empregados. Só no quesito intenção de investimentos as pequenas construtoras ficaram em pior posição (21,3 pontos), mas as médias e grandes também tiveram patamares baixíssimos (23,1 pontos e 23,9 pontos, respectivamente).

É inegável que a mudança de governo infundiu ânimo ao setor, influenciando positivamente as expectativas, mas a realidade impõe limites: com desemprego generalizado, queda de renda e com a redução de juros dependente de um recuo mais firme da inflação, a retomada será lenta. O número de distratos em 19 incorporadoras associadas da Abrainc foi de 4.438 unidades em março e de 50.166 nos últimos 12 meses, 6,6% mais do que nos 12 meses anteriores. Distrato é a desistência do comprador final de adquirir o imóvel e obriga a empresa a colocá-lo de novo no mercado, nem sempre a preço favorável.

Os projetos de habitação popular ajudaram a manter o ritmo da atividade. Será melhor que a política para o setor seja logo anunciada – com clareza.