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Haddad, o tormento

Parece não ter limites a insana capacidade do prefeito Fernando Haddad de desrespeitar a cidade de São Paulo e seus cidadãos com sua caótica gestão

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Por Redação
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Parece não ter limites a insana capacidade do prefeito Fernando Haddad de desrespeitar a cidade de São Paulo e seus cidadãos com sua caótica gestão, confirmando cada vez mais aquilo que os paulistanos há muito perceberam – a absoluta falta de planejamento da administração petista. O caso mais recente ocorreu justamente no setor onde Haddad imagina que deixará um importante legado para a cidade – a área de mobilidade.

Sem maiores avisos, a Secretaria Municipal de Transportes (SMT) publicou no Diário Oficial da Cidade de São Paulo do dia 19 de agosto uma portaria – em vigor desde o dia 24 – que altera significativamente o serviço de táxi na cidade.

Entre as novidades, a Prefeitura de São Paulo igualou os valores por bandeirada, tarifa quilométrica e horária de todas as categorias de táxi – comum, comum-rádio, especial, preto e luxo. Agora, os valores cobrados devem ser equiparados aos da categoria de táxi comum, a mais barata. Por exemplo, o valor inicial da corrida (a bandeirada) passa a ser sempre de R$ 4,50. Já a tarifa por quilômetro percorrido será de R$ 2,75 e a tarifa horária – quando o carro fica parado ou trafega a menos de 20 quilômetros por hora –, de R$ 33. Com as mudanças, a bandeira 2 torna-se opcional e já não mais existe o extra de 50% entre municípios.

A Prefeitura afirma que as alterações têm a finalidade de baratear o serviço, aproximando o preço da corrida de táxi aos de outros serviços de transporte de passageiros, como o aplicativo Uber, recentemente regulamentado pela municipalidade.

Longe de ser consensual, a medida gerou revolta em muitos taxistas. “Vai sucatear a frota de São Paulo”, afirmou Antônio Matias, presidente do Sindicato dos Motoristas nas Empresas de Táxi do Estado (Simtetaxi). “O taxista não vai conseguir manter seu carro novo, da forma como é hoje. O passageiro pode gostar agora, mas não vê que, a longo prazo, a qualidade do serviço vai cair”, ponderou Matias.

Para o taxista André Ricardo Lopes, que trabalha na região da Avenida Paulista, “perder a bandeira 2 e a taxa de 50% é como você perder seu adicional noturno, seu décimo terceiro, seus benefícios. Não é uma coisa boa”.

Surpreende a falta de planejamento do prefeito Fernando Haddad. Periodicamente, ele lança novas regras, muitas vezes em sentido oposto ao que ele próprio havia determinado anteriormente, gerando insegurança jurídica, bagunçando a vida das pessoas e desestimulando investimentos.

Basta ver que, em dezembro do ano passado, por exemplo, a gestão Haddad promoveu um sorteio de 5 mil alvarás do chamado “táxi preto”, cuja finalidade era oferecer um serviço de alto padrão, com carros melhores. Muita gente se interessou, com mais de 27 mil inscrições para o sorteio. Agora, menos de um ano depois, as regras são alteradas e quem investiu suas reservas para ingressar na categoria dos táxis pretos – cujas tarifas originalmente podiam ser até 25% mais caras que as do táxi comum – tem de se contentar em cobrar o preço mais baixo.

Outro exemplo de arbitrariedade da Prefeitura ocorreu com as regras para circulação de táxi nas faixas exclusivas de ônibus. Num determinado momento, a gestão Haddad proibiu a utilização dessas faixas pelos táxis, sob o argumento de que eles atrapalhavam a circulação dos ônibus. Na ocasião, não apresentou qualquer estudo para justificar a medida – ia ser assim e acabou. Passaram-se alguns meses e a Prefeitura regulamentou o serviço de transporte individual por aplicativo. Diante da oposição dos taxistas a essa medida municipal, a Prefeitura ofereceu-lhes uma espécie de presente de consolação, liberando novamente o uso das faixas de ônibus pelos táxis.

Faz-se necessário lembrar que vivemos numa democracia e quem governa precisa prestar contas à população. É inaceitável o autoritarismo de Fernando Haddad, submetendo a população aos seus caprichos. As urnas de outubro certamente resolverão esse problema.