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Hora de uma nova abertura comercial

O ciclo de reformas estruturais por que passa a economia do País deve ser completado com uma reversão em profundidade da política protecionista equivocada adotada pelos governos do PT

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Por Redação
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O ciclo de reformas estruturais por que passa a economia do País deve ser completado com uma reversão em profundidade da política protecionista equivocada adotada pelos governos do PT. Como assinalou a reportagem sobre comércio exterior publicada domingo pelo Estado na série A Reconstrução do Brasil, tal política com viés ideológico levou a um virtual isolamento do País no tocante a acordos comerciais e criou um ambiente artificial prejudicial à competitividade da indústria nacional.

Os equívocos cometidos pelos governos do PT vão muito além de um rombo nas contas públicas. Se o Brasil continuar a adotar práticas protecionistas vai sofrer nova condenação da Organização Mundial do Comércio (OMC) – como já foi no caso da política industrial do governo Dilma –, afirma o economista Carlos Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da FGV-Rio. Tudo indica, pois, que é chegada a hora de corrigir as distorções.

Em termos macroeconômicos, o momento é particularmente propício para virar a página. Apesar de todas as dificuldades, o País está longe de uma crise cambial, que poderia constranger uma ampla abertura comercial. Graças, principalmente, ao recuo das importações, a balança comercial apresenta, no acumulado até novembro, um saldo positivo recorde de US$ 43,282 bilhões, podendo fechar o ano em US$ 45 bilhões ou mais. As reservas estão em US$ 372,33 bilhões e a taxa de câmbio, depois da recente desvalorização do real, parece ajustada às condições do mercado internacional, mantendo-se na faixa de R$ 3,40 a R$ 3,50.

Neste cenário, o Brasil poderia promover uma abertura comercial sem disfarce. O governo procura agora negociar um acordo com a União Europeia (UE), mas, primeiro, deve livrar-se das amarras impostas pelo Mercosul e da parafernália protecionista montada ao longo de anos, simbolizada pela exigência de “conteúdo nacional” que nem as empresas estatais conseguem cumprir.

Haverá pressões de setores que se sentirem prejudicados, mas os próprios empresários hoje reconhecem que a armadura protecionista não tem contribuído para aliviar os problemas pelos quais eles têm passado nos últimos anos.