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Inadimplência recorde inibe investimentos

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Por Redação
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A inadimplência das empresas continua sendo um dos mais sérios problemas da economia brasileira e ainda não surgiram sinais de melhora. Levantamento feito pela Serasa Experian revela que, em abril, de um total de 8 milhões de empresas em operação no País, 4,4 milhões, ou seja, mais da metade, estavam inadimplentes (com compromissos financeiros em atraso por mais de 90 dias).

As empresas mais afetadas (45,2%) têm sido lojas de vestuário, concessionárias de veículos, lojas de eletrodomésticos, entre outras; outros 45% das empresas pertencem ao setor de serviços e 8,9% são indústrias. O total é recorde, superando a marca de junho de 2015, quando o número de companhias inadimplentes chegava a 3,8 milhões. O Sudeste, com 51%, é a região que responde pela maior parte das empresas com dívidas em atraso.

A maior parte dessas empresas “negativadas”, em período de alto custo do dinheiro, é de pequeno e médio portes. Essas empresas são responsáveis pela maior geração de empregos no País. Para não fechar as portas, os pequenos estabelecimentos são obrigados a dispensar pessoal e atrasar o pagamento de compromissos, na esperança da ativação dos negócios.

Essa situação não vem de hoje. Com a progressiva deterioração da economia, as empresas de diversas áreas foram surpreendidas pela forte retração da demanda, que, combinada com a restrição do crédito, lhes acarretou custos adicionais. Como observou o economista Mário Mesquita, ex-diretor do Banco Central e sócio do Brasil Plural, muitas companhias tinham projetos de investimento que não tiveram o retorno esperado, agravando seu endividamento. O efeito dessa frustração influi na disposição do setor privado em geral de fazer novos investimentos.

Da mesma forma que ocorre com os consumidores, pode haver negociação entre os credores e as empresas para a solução de problemas do endividamento. Como a maioria dos inadimplentes (57,1%) tem dívidas com apenas um credor, as negociações nesses casos seriam, em tese, mais fáceis, mas elas podem ocorrer também com outras empresas. Tudo depende do ambiente dos negócios.

Havendo mais confiança do mercado quanto à perspectiva de estabilidade da economia, como condição básica para a retomada do desenvolvimento, o ritmo de crescimento da inadimplência das empresas pode e deve baixar.