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Inflação menor para quem ganha menos

A queda da inflação, tão pronunciada este ano, é benéfica para todos os consumidores, mas seu impacto diverge a depender da classe de renda

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Por Redação
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A queda da inflação, tão pronunciada este ano, é benéfica para todos os consumidores, mas seu impacto diverge a depender da classe de renda. A desaceleração dos preços vem beneficiando mais as classes de renda mais baixa, como mostra o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda de novembro, há pouco divulgado. Para essas classes, a inflação foi de apenas 0,07% em novembro, com recuo de 0,41 ponto porcentual em relação a outubro; no acumulado de janeiro a novembro, a variação foi de 1,83%. Em contraste, o indicador para as classes de renda alta acusou aumento de 0,34% no mês passado, 0,04 ponto porcentual abaixo do resultado de outubro, e alcançou 3,22% no acumulado de 11 meses.

A variação para as classes de renda mais alta está acima da registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o período (2,80%). A diferença cresce à medida que se eleva a classe de renda. A distância entre a inflação acumulada até novembro para a classe de renda baixa e a estimada para as classes de renda mais alta chega a 1,39 ponto porcentual.

Os preços dos alimentos, que acusaram queda recorde de 5,25% neste ano até novembro, tomando como parâmetro o IPCA, foram o principal fator responsável pelo recuo da inflação em 2017 e pela desigualdade de seu impacto entre as classes de renda da população. O barateamento dos preços dos alimentos é mais sentido no bolso pelos mais pobres, que gastam, em média, 30% de seus rendimentos para manter o seu sustento. Não se pode deixar de notar que, numa fase em que o desemprego se mantém ainda em nível muito elevado, as classes de mais baixa renda, em geral, tenham em muitos casos de restringir até despesas com comida.

Em menor intensidade, nota o Ipea, diminuíram as tarifas de ônibus municipais (0,6%) e interestaduais (1,6%), que afetam principalmente os mais pobres. Em contrapartida, as famílias de mais baixa renda tiveram de arcar com maiores contas de luz (4,2%) e com preço mais elevado de gás de botijão (1,6%).

A expectativa é de que, com condições climáticas favoráveis, o País colha uma boa safra em 2017/2018, mantendo baixos os preços internos dos alimentos e ajudando a segurar a inflação num ambiente de crescimento mais robusto e redução gradativa do desemprego.