Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Investidores compram mais títulos prefixados

Exclusivo para assinantes
Por Redação
Atualização:
1 min de leitura

Entre janeiro e fevereiro, a dívida pública federal aumentou R$ 69,5 bilhões (+2,53%) nominais, de R$ 2,749 trilhões para R$ 2,819 trilhões. Os aplicadores destinaram mais recursos à compra de títulos prefixados, cuja remuneração real tende a subir na medida do declínio do ritmo de elevação de preços. 

Comparativamente a janeiro, quando o estoque da dívida caiu 1,54%, ou R$ 43 bilhões, registrou-se um aumento da disposição de investir em títulos públicos, num sinal – modesto, por ora – de que, com a exceção dos estrangeiros, arrefeceu o grau de desconfiança registrado em janeiro.

O aumento da dívida decorreu da emissão líquida de R$ 39 bilhões e da apropriação de juros de R$ 30,5 bilhões. O custo médio da dívida em 12 meses reduziu-se 0,59 ponto porcentual, para 15,81% ao ano, influenciado pela desvalorização do dólar ante o real. Note-se que fatores políticos influenciaram o resultado, pois o real valorizou-se ante o dólar enquanto cresciam as expectativas de aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Não obstante a melhora do humor, a administração da dívida mobiliária continuou sob tensão, como indicam alguns fatores. Primeiro, os investidores estrangeiros reduziram em R$ 18,2 bilhões suas posições em títulos federais, de R$ 492,8 bilhões para R$ 474,6 bilhões, provável reflexo do rebaixamento da classificação do Brasil pelas agências de [ITALIC]rating[/ITALIC]. A diferença foi suprida pelo aumento das compras de instituições financeiras, de fundos de investimento e de entidades de previdência. Segundo, o prazo médio da dívida diminuiu de 4,76 anos, em janeiro, para 4,69 anos, em fevereiro.

Além disso, o cumprimento pelo Tesouro do Plano Anual de Financiamento (PAF) poderá ser mais difícil neste ano. A participação dos papéis prefixados deveria ficar entre o mínimo de 30% e o máximo de 35%, mas está em 36,56%. Já o peso dos papéis com taxa flutuante (Selic) poderá variar entre 30% e 34%, mas está em 25,09%. O PAF deu ao Tesouro mais liberdade para colocar LFTs, papéis corrigidos pela Selic muito demandados até 2015. Se a inflação de fato declinar e abrir espaço para a queda do juro básico, o Tesouro teria vantagem em colocar mais LFTs, cuja remuneração nominal cairá com a queda da Selic.

Com base no PAF, o Tesouro também poderá lançar novos papéis soberanos no mercado internacional, além da emissão deste mês, admitiu o coordenador da dívida, Leandro Secunho.