São animadores os resultados de outubro do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pois não apenas foram registrados os melhores indicadores desde maio, como a faixa de menor renda (até R$ 2,1 mil mensais) revelou um avanço significativo em relação a setembro, inferior apenas ao da faixa entre R$ 4,8 mil e R$ 9,6 mil mensais. Não há dúvida de que, na classe de renda mais baixa, há uma crescente percepção do efeito favorável da queda da inflação para o poder aquisitivo das famílias.
Nos últimos 12 meses, a confiança dos consumidores atingiu seu nível mais baixo em dezembro do ano passado, e a partir de então esboçou uma tendência firme de reação. Entre dezembro de 2016 e outubro de 2017, o ICC aumentou 10,6 pontos – de 73,1 pontos para 83,7 pontos (ou 14,5%).
A situação atual dos consumidores ainda é percebida como difícil, mas o índice dessazonalizado de expectativas mostra-se mais forte e superou os 90 pontos em 8 dos 10 meses deste ano (neste mês, foi de 91,8 pontos), aproximando-se, portanto, dos 100 pontos que separam os campos positivo e negativo da pesquisa.
A coordenadora da sondagem, economista Viviane Seda Bittencourt, enfatizou que “a recuperação mais consistente da economia fez que a confiança do consumidor retornasse ao nível anterior à crise política”. As incertezas não foram afastadas, notou Viviane, mas a melhora do consumo foi muito favorecida por decisões oficiais, como a liberação de recursos do FGTS, além da queda de juros e depreciação de bens duráveis. Ou seja, o recuo de preços foi um fator mais relevante para o consumo do que a volta do otimismo.
Os consumidores estão menos insatisfeitos com a situação econômica em geral e mais satisfeitos com as finanças familiares, que estão no maior patamar desde agosto de 2015, segundo o levantamento da FGV. Mas as famílias não parecem dispostas a trocar esse maior conforto financeiro por endividamento e se declaram cautelosas na hora de planejar as compras. A intenção de compra de bens duráveis não só está em níveis baixos, na casa dos 70 pontos, como recuou pelo quinto mês consecutivo em outubro.
A propensão a tomar crédito ainda é baixa, segundo outra pesquisa, da FecomercioSP, divulgada há alguns dias. Ou seja, o consumo parece depender mais das compras à vista.