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Mais procura por vagas mais escassas

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Por Redação
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O decréscimo de renda das famílias tem sido um fator adicional de pressão sobre a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo (RMSP), evidenciou a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Fundação Seade e do Dieese. Durante a fase de desemprego baixo, a procura por colocação no mercado era contida pelo nível relativamente estável de renda da massa dos trabalhadores. Essa situação mudou radicalmente neste ano. O aumento do desemprego no primeiro semestre se deveu, em parte, à entrada de um maior número de pessoas no mercado, justamente numa fase em que houve um grande encolhimento de vagas disponíveis, como a PED deixou claro.

Em alta por cinco meses consecutivos, a taxa de desemprego na RMSP ficou em 13,2% em junho (12,9% em maio), sendo a maior para o mês desde 2009. Dos 394 mil novos desempregados no primeiro semestre, 274 mil são pessoas que passaram a integrar a população economicamente ativa (PEA). Os restantes 120 mil ocupavam postos de trabalho que foram efetivamente fechados. No mês passado, o total de desempregados na região alcançou 1,467 milhão.

Embora seja normal o aumento do número de candidatos ao primeiro emprego, a maior procura também se deveu à queda do nível de renda, de 6,5% em 12 meses, afetando muito as famílias. Nesse período, a massa de rendimentos dos assalariados teve retração de 4%.  Havendo maior número de candidatos em relação aos empregos oferecidos, isso leva a uma maior rotatividade, com redução simultânea do custo de mão de obra. 

O Município de São Paulo, que concentra 55% dos empregos na região metropolitana, foi mais afetado, com uma taxa de desemprego de 13,5% em junho, 2,9 pontos porcentuais acima do registrado em igual mês do ano passado. Isso se explica pelo fato de a cidade de São Paulo ter-se tornado um grande polo de serviços, um setor que apenas em junho cortou 63 mil vagas. Na indústria de transformação, foram eliminados 7 mil postos de trabalho e na construção civil, outros 3 mil.

Entre janeiro e maio, segundo o economista Alexandre Loloian, da Seade, a economia da região perdeu R$ 7 bilhões com a redução da taxa de ocupação e da renda, o que se reflete na fraca demanda de bens e serviços. Pelo histórico da PED, costuma haver crescimento do emprego nos últimos meses do ano, mas Loloian não vê sinal de reversão da tendência no curto prazo.