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O papel resiste

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Por Redação
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A mídia impressa continua sendo a plataforma exclusiva para 56% dos leitores de jornais nos Estados Unidos, afirma a 12.ª edição do State of The News Media 2015, estudo anual elaborado pelo Pew Research Center, que apresenta um retrato da mídia nos Estados Unidos. Houve, inclusive, aumento de um ponto porcentual no consumo exclusivo do jornal impresso em relação ao ano anterior. O papel continua tendo a preferência do leitor de jornal. A esse porcentual do consumo exclusivo por jornal impresso somam-se 11% que o fazem no papel e no computador e outros 11% que o leem em todas as plataformas. Apenas 5% leem os jornais exclusivamente em dispositivos móveis (tablets e smartphones). Ou seja, de cada 10 leitores de jornais, mais de 8 leem o jornal impresso. O estudo também aponta o crescimento do acesso digital por meio de celulares e tablets. Em 39 dos 50 maiores sites norte-americanos, o acesso por meio de um dispositivo móvel supera o acesso via computador. Nos sites jornalísticos, esse porcentual é ainda maior. Para 19 dos 25 sites de jornais (e aplicativos associados) de maior tráfego, o uso por dispositivos móveis foi ao menos 10% maior que o acesso por computadores (desktops ou laptops). Em cinco jornais, os números foram próximos, com uma diferença de menos de 10% entre os dois. E em apenas um - o jornal Houston Chronicle - o acesso por computador foi responsável por mais visitas que o acesso móvel. Em 2014 - ano ao qual a pesquisa se refere -, comprovou-se mais uma vez que a audiência digital dos jornais superou em muito a sua circulação. Por exemplo, num período de um mês, o jornal New York Times teve uma circulação média de 650 mil exemplares impressos contra 1,4 milhão de assinaturas digitais e 54 milhões de visitantes únicos do site e de aplicativos relacionados ao jornal. O Pew Research Center entende que os dados do New York Times, por exemplo, não contradizem os resultados sobre o consumo de mídia impressa. Eles mostram diferentes tipos de consumo de informação jornalística. Para o estudo, uma coisa é a leitura do jornal - na qual continua a prevalecer a mídia impressa -, outra é o consumo pontual de uma notícia; por exemplo, acessar um link de um jornal compartilhado por um amigo. Ainda que parte do conteúdo seja comum, o importante é reconhecer que são tipos de consumo diversos, com impactos muito díspares e públicos de perfis diferentes. Nesse sentido, o State of The News Media 2015 confirma que os dados demográficos gerais de leitores de jornais se mantêm: quem tem maior grau de escolaridade ou renda está mais propenso a ler jornal. Além do aumento do uso de dispositivos móveis, houve também um significativo crescimento da "social web" (as redes sociais), o que - segundo o estudo - tem transformado a dinâmica do fluxo de informação. Por exemplo, o relatório destaca que, entre os adultos norte-americanos que usam a internet, quase a metade recebe semanalmente na sua conta do Facebook alguma notícia sobre política ou governo. Aqui, o estudo chama a atenção para o fato de que essa dinâmica da informação não é apenas influenciada pelos amigos - a força do compartilhamento entre conhecidos -, mas também pelos algoritmos que as redes sociais utilizam para determinar o que vai receber destaque na tela de cada um. A superabundância de informação e de compartilhamento entre os amigos leva a que o ambiente das redes sociais não seja totalmente neutro, exigindo que os administradores das redes sociais, com os seus algoritmos, definam a hierarquia da informação. Conforme o State of The News Media 2015 - que também abarca outras mídias, como televisão, rádio e revista -, a tecnologia vem ampliando oportunidades, com a informação disponível em mais plataformas. E isso é extremamente positivo. Mas também indica que o decisivo não é a novidade em si, mas a preferência do usuário. O estudo alerta que "as plataformas tradicionais de maneira nenhuma foram abandonadas". O papel resiste. O papel ainda faz muitos leitores felizes.