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O ranking da Aneel

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Por Redação
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O primeiro ranking de qualidade das grandes empresas distribuidoras de energia, divulgado há pouco pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), apenas confirma o que os consumidores de São Paulo já sabiam há muito tempo: são ruins os serviços prestados pela AES Eletropaulo, concessionária que atende a capital e mais 23 municípios da Grande São Paulo.Baseado em dois indicadores, que medem o tempo de paralisação do fornecimento da energia e o número de interrupções durante o ano passado, o ranking da Aneel coloca a Eletropaulo na 23.ª posição entre 33 grandes distribuidoras que operam no País e cujo mercado anual é de mais de 1 terawatt hora (TWh). É a pior entre as concessionárias que atendem o Estado de São Paulo. A CPFL Paulista ficou em 5.º lugar; a CPFL Piratininga, em 8.º; a Elektro, em 11.º; e a Bandeirante Energia, em 14.º. Se serve de consolo, os paulistas dispõem de serviço melhor do que o oferecido aos consumidores do Rio de Janeiro, pois a concessionária local, a Light, ficou no antepenúltimo lugar entre as grandes distribuidoras.Para classificar as 63 distribuidoras do País (30 estão no mercado anual abaixo de 1 TWh) de acordo com a qualidade do serviço que prestam, a Aneel utilizou como indicadores o número de horas em média que um consumidor ficou sem energia no ano e o número de interrupções do fornecimento para o consumidor (residência, comércio, indústria). Comparando esses indicadores com os limites estabelecidos por ela, a Aneel montou o índice de Desempenho Global de Continuidade (DGC), que classifica as distribuidoras.Além de mostrar para as empresas se elas estão cumprindo as metas de eficiência definidas pela Aneel e quanto sua operação pode estar distante dessas metas, o trabalho tem também o objetivo de permitir que o consumidor compare a qualidade dos serviços que recebe com o que é prestado em outras regiões do País.Do ponto de vista prático, o indicador elaborado pela agência reguladora fará parte do conjunto de informações que serão consideradas na revisão das tarifas das concessionárias. Quanto pior o desempenho, menor será o reajuste.Previsivelmente, a diretoria da AES Eletropaulo contestou a eficácia e a validade do ranking da Aneel. "Quem tinha meta mais frouxa foi beneficiado, enquanto as empresas com metas mais apertadas foram prejudicadas", argumentou o vice-presidente de Operações e Comercial da empresa, Sidney Simonaggio. Ele citou o fato de os consumidores da segunda melhor distribuidora no ranking, a Companhia Energética do Maranhão (Cemar), terem ficado, em média, 22,44 horas sem energia no ano passado, enquanto para os da Eletropaulo a média foi de 10,36 horas.Para 2012, a meta fixada pela Aneel para a Eletropaulo é interrupção média de 8,67 horas. "Nosso plano de investimentos já está surtindo efeito nos números da empresa e vamos bater essa meta estabelecida pela Aneel", assegurou o diretor da empresa. O mesmo argumento - aumento dos investimentos para a melhoria da rede - foi utilizado como justificativa pela Light, que informou estar investindo cerca de R$ 460 milhões neste ano.Para a maioria dos consumidores atendidos por essas concessionárias, os investimentos por elas anunciados são bem-vindos, pois devem reduzir a fragilidade de seus sistemas de distribuição. Os sistemas têm sido abalados com frequência anormal por eventos naturais ou outros acidentes que não afetariam o fornecimento de energia, como têm afetado, se tais investimentos tivessem sido feitos há mais tempo, nos termos do compromisso de concessão das distribuidoras.A Eletropaulo atribui mais da metade das interrupções de energia em sua área à queda de galhos, árvores e objetos na rede. Se a rede já tivesse sido aterrada, como deveria, seriam bem menores os riscos de queda de energia e bem menores os transtornos enfrentados pelos consumidores em geral e os prejuízos em que incorrem as empresas por causa da interrupção do fornecimento de energia elétrica.