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Operações de crédito voltam ao nível de 2014

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Por Redação
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Nem os bancos se esforçam para emprestar a clientes em situação financeira mais apertada nem os clientes com perfil conservador querem tomar empréstimos. É o que mostra a nota de maio de política monetária e crédito do Banco Central (BC), com números reveladores do estrago que a recessão impôs aos financiamentos bancários.

Os indicadores do BC apontam para forte recuo do crédito, cujos saldos totais chegaram, no mês passado, a apenas 52,4% do Produto Interno Bruto (PIB), recuo de 2,1 pontos porcentuais em relação a dezembro (quando atingiu 54,5%), retroagindo a níveis de dois anos atrás. Quando se leva em conta a queda do PIB, o tombo é ainda maior.

O saldo total de R$ 3,14 trilhões, em maio, foi 2,3% inferior ao de dezembro e apenas 0,1% maior que o de abril, nos dois casos muito abaixo da inflação. Os novos empréstimos (concessões) aumentaram em relação a abril, mas caíram 8,8% no ano comparativamente a igual período de 2015 e 6,1% em 12 meses, de R$ 302,4 bilhões para R$ 286,2 bilhões.

As quedas são brutais tanto nas operações com pessoas físicas como jurídicas, mas estas lideram o recuo. Desde março, os saldos de empréstimos para pessoas jurídicas têm sido inferior aos saldos para pessoas físicas, o que revela o estreitamento dos negócios. As concessões de recursos direcionados (mais baratos) para as companhias diminuíram 21,7% em 12 meses e 31% neste ano, comparativamente a igual período de 2015. Nos primeiros cinco meses do ano, por exemplo, o BNDES emprestou 48,5% menos para investimentos de empresas, comparativamente a igual período do ano passado.

A inflação começa a ceder e a taxa básica do Copom está estável desde julho do ano passado, mas os juros cobrados pelos bancos continuam a subir, chegando à média de 52,3% ao ano para empréstimos com recursos livres. Nas linhas mais caras, o juro médio atingiu 311,3% ao ano no cheque especial para pessoas físicas e 471,3% ao ano no parcelado do cartão de crédito.

Apesar do custo, as concessões de cheque especial a pessoas físicas aumentaram 5,3% entre abril e maio. E as empresas elevaram em 11,1% no mês o financiamento em cartão de crédito. Os dois casos evidenciam a falta extrema de opção ou aguda necessidade de caixa.

A inadimplência crescente provavelmente fica em parte oculta por renegociação de dívidas. E falta computar a insolvência de grandes empresas, como a Oi.