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Os cortes nas estatais

Empresas estatais federais estão sendo lentamente saneadas e encolhendo

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Por Redação
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Transformadas pelo governo petista em abrigo bem remunerado para a companheirada e, sobretudo, em fonte de renda ilegal para o partido no poder, seus aliados e dirigentes políticos, as empresas estatais federais estão sendo lentamente saneadas. Embora continuem a ter grande peso na economia, elas estão encolhendo. Essa medida era indispensável para limpá-las das nocivas consequências da corrupção nelas instalada pela gestão petista e que a crise econômica e fiscal tornou urgente.

Submetidas, em geral, a severo processo de ajuste financeiro e estrutural, essas empresas reduziram seu quadro de pessoal e sua dívida total. Também cortaram investimentos, que, até o fim do terceiro trimestre, corresponderam a apenas 37,4% do que havia sido programado. Mais eficientes, geram mais lucros para seus controladores. Este é o quadro atual das estatais apresentado pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, órgão do Ministério do Planejamento encarregado de acompanhar o desempenho das empresas controladas pelo governo federal.

Um dos dados mais expressivos sobre o ajuste a que essas empresas estão submetidas é o de pessoal. Desde 2014, foram cortados 46 mil postos de trabalho, mas, das demissões totais dos últimos anos, 26.336 ocorreram nos três primeiros trimestres de 2017. Boa parte dessa redução se deve a programas de demissões voluntárias que muitas estatais ofereceram a seus empregados. A Petrobrás reduziu seu quadro de pessoal em 7,95%, com o corte de 4.019 empregados. Na Caixa Econômica Federal, o corte correspondeu a 7,58% do quadro (7.199 demissões). Os Correios dispensaram 7.129 empregados e o Banco do Brasil, 2.676.

O total de empregados caiu para 506.852 pessoas no fim de setembro, um número ainda grande, mas que pode ficar abaixo de 500 mil até o fim do ano. Isso é “plenamente factível”, de acordo com o secretário de Coordenação das Estatais, Fernando Soares. É um exemplo do rigor adotado pelos gestores que assumiram a direção dessas empresas após o afastamento do lulopetismo. O objetivo, segundo Soares, é “recuperar as estatais, reduzir custo, elevar produtividade”, além de aproximar seus resultados dos indicadores de mercado e assegurar sua sustentabilidade.

O número de estatais federais caiu de 156 em maio do ano passado para 149 no fim de setembro. Para reduzir o peso das estatais na economia, o governo já programou a venda do controle da Eletrobrás bem como a privatização de empresas hoje controladas pela estatal do setor elétrico.

Além da redução do custo da folha de pagamento, o conjunto das estatais federais vem apresentando outros ganhos. Em 2015, o resultado líquido dessas empresas tinha sido um déficit de R$ 32 bilhões, mais um retrato do desastre econômico que foi o início do segundo mandato de Dilma Rousseff, afinal afastada da Presidência da República. Esse resultado negativo foi revertido em 2016, quando o conjunto das estatais apresentou lucro de R$ 4,6 bilhões. Até o fim do terceiro trimestre deste ano, o lucro acumulado somava R$ 23,2 bilhões.

A melhora dos resultados tem contribuído para a valorização das estatais com ações cotadas em bolsa. No fim do terceiro trimestre, as ações da Petrobrás haviam subido 7,8% em relação a igual período do ano passado. O valor de mercado da empresa alcançou R$ 203 bilhões. As ações do Banco do Brasil, de sua parte, subiram 53,1% e o valor de mercado da instituição alcançou R$ 100 bilhões.

O ajuste tem implicado a redução também dos investimentos, especialmente os da Petrobrás, responsável pela maior parcela do que as estatais federais investem. De janeiro a setembro, do total de R$ 91,5 bilhões em investimentos programados, apenas R$ 34,3 bilhões, ou 37,4% do total, haviam sido efetivamente aplicados. É o menor porcentual desde 2008, ano em que a economia mundial foi duramente afetada pela quebra do setor imobiliário americano.