Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Processo de ajuste faz Caixa lucrar mais

O resultado do trimestre foi alcançado, principalmente, graças à redução dos custos de captação de recursos e ao maior controle das despesas administrativas e operacionais

Exclusivo para assinantes
Por Redação
1 min de leitura

O lucro líquido de cerca de R$ 1,5 bilhão obtido pela Caixa Econômica Federal no 1.º trimestre do ano – valor 81,8% maior do que o registrado no mesmo período de 2016 – superou a expectativa, visto que o crédito habitacional, área em que a instituição tem participação muito relevante, registrou crescimento lento.

A carteira de crédito da Caixa atingiu no fim do período o total de R$ 715 bilhões, com avanço de apenas 4,5% nos 12 meses findos em março. Isso foi resultado da expansão de suas operações nos setores de habitação, saneamento e crédito consignado. Já as operações comerciais com pessoas físicas e jurídicas somaram R$ 189,6 bilhões, apresentando queda de 4,1% em 12 meses, e os empréstimos a empresas encolheram 7,8%.

O resultado do trimestre foi alcançado, principalmente, graças à redução dos custos de captação de recursos e ao maior controle das despesas administrativas e operacionais. Num processo de adaptação às novas condições do mercado de crédito, no qual a Caixa tem participação de 22,8%, a instituição anunciou um programa para fechamento ou remanejamento de 120 agências e postos de atendimento considerados deficitários. Paralelamente, foi lançado um Plano de Demissão Voluntária (PDV) que pode levar ao desligamento de 10 mil funcionários, 10% de seu quadro de pessoal, até 2018.

Também contribuiu para o lucro obtido no período a queda do índice de inadimplência (atrasos por mais de 90 dias) para 2,83% no fim de março, uma queda de 0,7 ponto porcentual em um ano e de 0,5 ponto porcentual em comparação com o último trimestre de 2016. A Caixa não esclareceu qual o impacto que a permissão para saques de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), em vigor desde março, teve sobre a redução dos calotes. De qualquer forma, espera-se que esse processo, que irá até julho, contribua para uma diminuição ainda mais sensível da inadimplência entre os clientes da instituição.

Pelas informações divulgadas, a projeção é de continuidade de bons resultados, a despeito dos desdobramentos que a crise política possa ter. O lucro recorrente, que a instituição considera que tem condições de repetir ao longo do ano, desconsiderando efeitos extraordinários, totalizou R$ 1,7 bilhão, 49,6% mais que no 1.º trimestre de 2016.