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Profissões rentáveis

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Por Redação
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Foi-se a época em que o funcionário público era mal remunerado. Entre as oito profissões mais bem remuneradas do País, sete são carreiras públicas, conforme consolidação feita pelo Estado, a partir do Resumo da Declaração por Ocupação Principal do Declarante, apresentado pelo Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros (Cetad), da Receita Federal, relativo ao ano de 2012, último disponível até o momento.A consolidação feita pelo Estado utilizou três tipos de rendimentos, tal como faz a Receita Federal: a renda tributável (constituída principalmente pelo salário), os rendimentos isentos de tributação (como, por exemplo, os dividendos e os rendimentos da poupança) e a renda sujeita à tributação exclusiva na fonte (as aplicações financeiras, por exemplo).No topo das profissões mais bem remuneradas estão os titulares de cartório, com uma renda média total no ano de 2012 de R$ 899 mil. Logo depois vêm os membros do Poder Judiciário e dos Tribunais de Contas, com um rendimento anual de R$ 476 mil. Em terceiro lugar estão os procuradores e os promotores do Ministério Público, com uma renda média anual de R$ 468 mil. Na quarta posição encontram-se os diplomatas, que receberam em 2012 um valor médio total de R$ 285 mil.A seguir, na quinta posição vêm os médicos - primeira profissão da lista que inclui trabalhadores do setor privado - com uma renda média anual de R$ 264 mil. Em sexto, no ranking, estão os advogados do setor público (por exemplo, os procuradores da Fazenda), que receberam em média ao longo de 2012 um total de R$ 248 mil. A título de comparação, tal valor é quase o dobro da renda média anual do restante dos advogados (R$ 128 mil).Voltando ao ranking das oito profissões mais bem remuneradas, aparecem na sétima e na oitava posições os servidores das carreiras do Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Superintendência de Seguros Privados (Susep) - com uma renda média anual de R$ 242 mil - e os servidores das carreiras de auditoria fiscal e de fiscalização - R$ 239 mil anuais.Nada mal, especialmente quando se tem em conta que a renda média anual, em 2012, dos 25,6 milhões de brasileiros que apresentaram a Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física foi de R$ 75 mil, segundo os dados da Receita.Naturalmente, essas sete carreiras públicas mais bem remuneradas reúnem boa parte da elite do funcionalismo público e o seu ingresso exige dos candidatos anos de estudo e de dedicação. É de reconhecer também que médias gerais escondem, não poucas vezes, realidades particulares discrepantes. Por exemplo, há advogados do setor privado que auferem uma renda bem maior do que a média dessas carreiras públicas.É revelador, no entanto, que as carreiras públicas dominem as oito primeiras posições do ranking das profissões, sendo a única exceção os médicos. Ou seja, o poder público paga muito bem a algumas carreiras, na comparação com a média do País. Trata-se de uma conta que sai cada vez mais cara para a sociedade, que tem de bancar um Estado cujos servidores recebem - como se vê - melhor que o restante da população.Naturalmente, reconhecer essa distorção entre os setores privado e público não significa dizer que todos os servidores públicos ganhem bem. Caso evidente é o magistério. Usando os mesmos dados da Receita Federal, constata-se, por exemplo, que os professores do ensino infantil tiveram em 2012 um rendimento médio anual de R$ 45 mil. Já os do ensino superior obtiveram uma renda de R$ 135 mil, sempre considerando as três categorias de renda - tributável, isenta e de tributação exclusiva na fonte.Na média global dos professores, que inclui os do ensino infantil, fundamental, médio, técnico e superior, a renda média total em 2012 foi de R$ 72 mil - valor abaixo da média brasileira (R$ 75 mil) e, por coincidência, muito próximo ao da renda dos 1.230 filósofos (R$ 73 mil) existentes no País, segundo dados da Receita.