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Relatório da IEA mantém dúvidas sobre o petróleo

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Por Redação
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As cotações no mercado de petróleo subiram no início deste mês para os maiores níveis em três meses, próximos a US$ 39,8 o barril para o tipo Brent e US$ 37,3 o barril para o West Texas Intermediate (WTI), comparados a patamares ao redor de US$ 30 o barril em meados de janeiro, segundo o Relatório do Mercado de Petróleo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês, um órgão da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE). Em editorial com o título Luz no Fim do Túnel, o texto procura explicar os motivos das enormes oscilações dos preços do óleo bruto nos últimos meses. Mas as dúvidas não foram afastadas.

De um lado há os fatores de baixa, como a desaceleração do crescimento da demanda, em especial nos Estados Unidos e na China. A IEA manteve as projeções para 2016, prevendo um aumento da demanda de apenas 1,2 milhão de barris/dia (b/d) em relação a 2015, bem inferior ao crescimento de 1,8 milhão de b/d registrado em 2015.

Do outro lado estão os fatores de alta, que predominaram nos últimos dias. Iraque, Nigéria e Emirados Árabes Unidos reduziram a produção. O aumento da oferta pelo Irã (após o fim das sanções) foi menor que o esperado. Para 2016, a IEA prevê queda da oferta de 750 mil b/d por parte dos produtores fora da Opep, notadamente Estados Unidos, pois a produção de shale gas tornou-se gravosa. A fraqueza do dólar também contribuiu para a alta das cotações do óleo. E não é descartado o efeito de uma ação conjunta dos produtores para reduzir a oferta.

Citado várias vezes no relatório, o Brasil enfrenta problemas de oferta e demanda. Está entre os países que mais rapidamente reduziram a demanda, devido à queda da atividade industrial. E a produção doméstica de petróleo caiu muito (180 mil b/d, entre dezembro e janeiro), em especial na Bacia de Campos. O escândalo na Petrobrás é parte dos problemas brasileiros: “Entre o desenvolvimento do escândalo de corrupção, que paralisou a indústria brasileira, e os preços baixos do óleo, a Petrobrás tem novamente de pegar o machado para cortar seus gastos e planos de produção”. O escândalo envolve fornecedores de que a Petrobrás necessita para desenvolver as áreas do pré-sal, segundo o texto.

O que parece claro é o impacto das oscilações de preços do óleo sobre os produtores, que acusam o golpe. Para eles, o pior é que não há certezas quanto ao comportamento futuro do mercado do petróleo.