24 de janeiro de 2022 | 03h00
Eleições
Amnésia eleitoral
Muito oportuna a matéria Quase 60% dos eleitores paulistanos não se lembram em quem votaram para vereador (21/1, A12). A mencionada amnésia provavelmente está associada à impossibilidade quase que total de o eleitor colocar um mínimo de racionalidade no ato de escolher um candidato em quem votar. Para selecionar alguém que lhe parecesse razoável para representá-lo na Câmara Municipal, em 2020, teoricamente, teria sido necessário que o eleitor paulistano examinasse detalhadamente o currículo de todos 2.001 candidatos, o que, convenhamos, seria uma tarefa praticamente impossível. Esta mesma inconveniência se manifesta em eleições para deputados estaduais e federais. Com a agravante aqui que são duas listas enormes, que precisam ser analisadas simultaneamente. Apenas para comparar, na eleição geral para o Parlamento Britânico, em dezembro de 2019, sobre o Brexit, cada eleitor precisou analisar uma lista que, em média, continha apenas 5,5 nomes, com a provável facilidade adicional de boa parte de esses candidatos já ser conhecida dos eleitores. O que o Brasil precisa é começar a eleger três ou quatro vereadores por circunscrição eleitoral em 2024, com o uso do voto transferível único. Com isso, com muito menos nomes para avaliar, o eleitor poderá aplicar um elevado grau de racionalidade para escolher um representante seu na Câmara Municipal. Com a benéfica consequência de frequentemente poder, mais adequadamente, estabelecer produtivos diálogos com esse representante, no transcurso da legislatura.
José M. Frings
São Paulo
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Critérios de escolha
Os critérios adotados pelos eleitores nas futuras eleições serão pautados pela emoção e pelas empatias com os candidatos. Os sentimentos que se defluem dos currículos destes confundem o eleitor e os levam a votar instintivamente. A azáfama do pré-lançamento dos políticos que almejam o mais alto posto da hierarquia de poder do País perturba o processo eleitoral e causa a cizânia entre os poderes constituídos. O que desejamos é a eleição limpa, honesta e longe da corrupção que açambarca os meandros da política em todos os níveis. Vamos escolher quem sempre esteve longe das roubalheiras e que tem em seu histórico o combate aos maus representantes do povo.
Mário Negrão Borgonovi
marionegrao.borgonovi@gmail.com
São Paulo
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Judiciário
Impunidade
Muito oportuno o artigo de Anne Warth (O simbolismo da condenação de Robinho, 22/1, A8). O dia em que a nossa Justiça, principalmente o Supremo Tribunal Federal, tiver em mente que precisa dar o exemplo de respeito à Justiça, principalmente na luta contra a impunidade neste país, estaremos começando a traçar caminhos seguros e promissores na moralidade das instituições brasileiras. Mas, infelizmente, o sentimento de impunidade continua a prevalecer, com o amparo de uma Justiça ineficiente, morosa e privilegiando sempre os mais abonados de recursos.
Carlos Sulzer
Santos
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Segurança
Resgate da cidadania
Os esforços empreendidos pelo poder público para resgatar a cidadania em certos lugares dominados por traficantes e milicianos só poderão ter sucesso caso haja uma intervenção de diversas áreas ligadas à saúde, educação e atividades de inclusão social, principalmente de cursos profissionalizantes. Concomitantemente, o fechamento de ferros-velhos, locais de compra de produtos furtados, roubados e desmanche de carros, bem como o de lojas de compra de joias e cordões de ouro e o mercado paralelo de compra de celulares de procedência irregular, merece uma atenção redobrada, quer no asfalto ou nas comunidades. Infelizmente, uma parte da população não é vítima da violência, e sim cúmplice de criminosos ao adquirir produtos de procedência duvidosa.
Luiz Felipe Schittini
Rio de Janeiro
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Saúde
Vacinação de crianças
Brilhante a decisão do procurador-geral de Justiça Mário Sarrubbo sobre a possibilidade de os pais que não vacinarem seus filhos contra a covid-19 perderem a guarda temporária deles!
Artur Topgian
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
‘FESTIVAL DE BESTEIRAS QUE ASSOLA O PAÍS’
Sérgio Porto, genial jornalista brasileiro, escreveu em 1966, um livro clássico de humor político, debochando da “inteligência” de militares durante a ditadura, em seus primeiros anos. Morreu em 1968, aos 45 anos, antes do AI-5 de Costa e Silva e dos piores e trágicos anos do endurecimento do regime Militar. Se vivesse hoje teria de escrever novas versões de seu livro antológico, para contar este novo e avassalador Festival de Besteiras diárias que assola o País há três anos, como ficção nenhuma seria capaz de imaginar. Quando o governo atinge o grau de insanidades e absurdos como este, que desfrutamos no momento, só pode ser analisado com o humor e o deboche de um Stanislaw Ponte Preta, como Sérgio Porto assinava sua brilhante sátira da vida nacional no país das piadas prontas.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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PARA QUE SERVE O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL?
Uma das vergonhas, entre tantas, que assolam impunemente o Brasil, é sem dúvida um órgão caríssimo, lentíssimo, ineficacíssimo, o TSE – Tribunal Superior Eleitoral. Já não bastassem as falcatruas políticas que cada vez mais roubam a educação, a saúde e a segurança pública dos brasileiros, um órgão de extraterrestres que habitam os confins do espaço nada vê de irregular e para declarar isso leva sempre muitos meses, quando suas decisões deviam ser imediatas.
Ademir Valezi
São Paulo – SP
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CIRO GOMES
Uma pena! Opção mais saudável que Lula, Ciro Gomes mostra traço grave de desinformação básica ao prometer “taxar grandes fortunas”, o que, além de não melhorar em nada a arrecadação, “espanta” do País as grandes fortunas. Espero que não siga essa regra que já mostrou fracasso fragoroso em outros países, a exemplo da França, que teve seus milionários aplicando na Rússia, Itália, Portugal e até no Brasil. Candidatos, por favor, estudem antes de querer ser presidente. Ao menos leiam sobre política e economia. Leiam sobre outros países que fizeram o que os “senhores” estão propondo. O povo merece gente que dê segurança. Chega de populismo e coitadismo. Profissionalismo e praticidade para salvar de fato!
Roberto Moreira da Silva
São Paulo
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CIRO ‘CAMALEÃO’ NOGUEIRA
No editorial de sábado passado A cartilha eleitoral dos irresponsáveis, o Estadão apresenta acerba crítica ao perfil camaleônico do chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Nada a objetar. Apenas acrescentar que o insigne piauiense pouco se lixará para esse duro julgamento, preocupado que deve estar com as pesquisas eleitorais que o colocam – segundo a tônica de sua biografia – na iminência de abandonar o barco do capitão e voltar para o do “ex-presidente”, provável próximo dono da “chave do cofre”.
Joaquim Quintino Filho
Pirassununga
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LULALCKMIN DOBRADINHA INDIGESTA
A dez meses das eleições, falta acertar poucos detalhes para que seja oficialmente anunciada ao País a famigerada chapa Lula-Alckmin. Com efeito, não poderia soar mais esdrúxula, falsa, oportunista e interesseira a união de candidatos de partidos de cores opostas que nunca se misturaram ao longo de décadas, como água e óleo. Carne de jararaca peçonhenta com picadinho de chuchu é uma dobradinha para lá de indigesta, que vai causar mal-estar e ânsia de vômito. Fuja!
J. S. Decol
São Paulo
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NÃO DÁ PARA ENTENDER
O senador Randolfe Rodrigues (Rede- AP), que se destacou na CPI da Covid-19 como ferrenho crítico do governo Bolsonaro, defende aliança de seu partido com o PT. O senador, que parece ser uma pessoa sensata, participou do jantar promovido pelo grupo Prerrogativas, outro inveterado apoiador de Lula e que faz jus àquele velho dito popular: “Uns gostam dos olhos e outros da remela”.
J. A. Muller
Avaré
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PETISTAS FORA DA CASINHA
Os petistas e seus seguidores estão fora da casinha. Acreditam nas pesquisas do Datafolha, que indicam que Lula vai vencer as eleições, que Lula não é corrupto. Passaram a apoiar o picolé de chuchu e para alcançarem o poder apoiarão qualquer um, até o Marcola! Não têm pudor!
Eugênio José Alati
Campinas
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PREPARAÇÃO PARA O GOLPE
O roteiro já está definido. O deus Trump montou o golpe na eleição dele e o presidente bananeiro achou boa ideia. Se conseguir chegar ao segundo turno, talvez nem aconteça, vai invocar aos céus e aos seus de que foi roubado. É para isso que ele está dando aumento aos policiais, pouco importa se a Receita ou o Banco Central pararem de trabalhar, quanto mais confusão melhor. É bom que estejamos prontos para resistir a essa agressão.
Aldo Bertolucci
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BOLSONARO NA CADEIA
O Brasil já vive as consequências da destruição ambiental imposta pelo presidente Bolsonaro desde o primeiro dia no cargo. O aumento brutal no desmatamento trouxe a crise hídrica, a mineração ilegal explodiu e a primeira vítima foi o Rio Tapajós, famoso por ter a melhor água de toda a Amazônia, hoje irreconhecível, barrento e cheio de mercúrio da mineração. O apreço de Jair Bolsonaro pelas atividades criminosas fortaleceu muito os criminosos da floresta, o desmonte de todos os órgãos de controle fez explodir todas as atividades ilegais. Bolsonaro se orgulha de ter acabado com as multas e punições para crimes ambientais, até colocou seu advogado pessoal para ajudar os criminosos a reaverem o produto da maior apreensão de madeira de desmatamento ilegal da história – os responsáveis pela apreensão foram todos afastados de seus cargos para favorecer os criminosos. A destruição ambiental imposta como política de governo por Jair Bolsonaro, somada à catastrófica gestão negacionista da pandemia, é motivo de sobra para Bolsonaro ser afastado da Presidência da República e passar o resto de seus dias na cadeia, confraternizando com os criminosos que ele tanto defende e admira.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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COVID-19
Após a recente publicação “técnica” em que defende a hidroxicloroquina e ataca as vacinas contra a covid-19, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos estratégicos do Ministério da Saúde já pode passar a se chamar Secretaria da Desfaçatez, Negacionisno e Sabujice.
Márcio Peixoto Lauretti
Socorro
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FÉRIAS ACUMULADAS
Aqui na planície onde estamos, os sustentadores dos “altos” funcionários do Ministério Público, Tribunais, etc., caso acumulemos mais de um período de férias a receber, o mais velho é cancelado; simples assim. Já os tais funcionários, com férias de até 60 dias, mais férias-prêmio a cada quinquênio, vão deixando essas “férias extras” se acumulando, o que prova que não havia necessidade delas. Isso para, ao final dos anos, receberem, de uma vez só, montantes tão volumosos que nos espantam. O problema deve-se a que eles mesmos fazem as regras para eles mesmos e, pelo que se vê, não pensam na nação quando as fazem. Isso sem considerar os ‘penduricalhos’.
Wilson Scarpelli
Cotia
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EMENDAS ‘PORK BARREL’
O interessante artigo de Roberto Macedo no Estadão do dia 20 (Emendas parlamentares, aqui e nos EUA), comparando as emendas parlamentares no Brasil e nos Estados Unidos – onde são chamadas pork barrel amendments por lembrar as antigas barricas de banha de porco onde eram guardadas carnes cozidas, numa verdadeira porcaria –, leva à sugestão de substituirmos emendas parlamentares do relator e outras aqui no Brasil também como pork emenda.
Fica a sugestão para os colunistas e redatores do Estadão, meu jornal diário há mais de 70 anos.
Mario Ernesto Humberg
São Paulo
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EVITANDO UM DESASTRE MAIOR
Biden promete um desastre para a Rússia se invadir a Ucrânia. Depois diz que, se invadir uma parte, poderia ser um desastre menor. Depois volta atrás e explica o inexplicável. É apenas mais uma pequena confusão de sua lógica quântica que sempre está em vários lugares ao mesmo tempo. Vejamos: a Ucrânia na Otan compreensivelmente é uma ameaça à segurança nacional russa. A Ucrânia fora da Otan, mas apoiada pela Europa e EUA, é algo que não faz mal a ninguém. A Ucrânia não é segurança nacional ou prioridade para nenhum país europeu nem para os americanos. Com a notável exceção de Hunter Biden para quem a Ucrânia e sua Burisma conseguem ser mais importantes até do que a China. Por outro lado, a Rússia invadindo a Ucrânia, a eventual divisão do país em dois, rompimento ou forte degradação das relações do Ocidente com a Rússia e esta se aliando incondicionalmente à China é o pior dos cenários para todas as partes e para o mundo em geral. Se restar algum bom senso em Washington, isso será evitado. Infelizmente, Biden precisa mostrar que é um aliado confiável para quem o prestigia e poder se apresentar como alguém vitorioso, bem-sucedido e um estadista respeitado. Minha sugestão é que faça isso organizando a saída dos EUA do Iraque melhor do que fez com a sua saída do Afeganistão. Nesta queda de braço com Putin, o desastre não será apenas para a Rússia.
Jorge A. Nurkin
São Paulo
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