03 de novembro de 2020 | 05h00
De acordo com a medição mais recente, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) do IBGE divulgado há pouco, a inflação de janeiro a outubro ficou em 2,31%. Não deveria preocupar. Mas seu impacto é diferente para diferentes classes de renda. Enquanto para famílias de renda alta ela foi ainda menor, para as de renda mais baixa o aumento médio dos preços já compromete um orçamento naturalmente apertado.
Como mostrou o Estado, para as famílias de alta renda, a inflação nos primeiros 10 meses do ano foi de 1,07%; para as famílias de renda muito baixa, foi mais do triplo, de 3,68%. São cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A inflação é calculada com base numa cesta de despesas considerada a média do País. Quando se consideram as faixas de renda, porém, gastos com determinados itens têm peso maior ou menor no orçamento familiar. O caso mais notório é dos alimentos.
O Ipea considera que, no conjunto de despesas das famílias de baixa renda, os alimentos no domicílio correspondem a 30% dos gastos totais; já nas famílias mais ricas, a participação desse item não chega a 10%. Assim, variações nos preços de alimentos afetam mais os orçamentos das famílias de renda menor.
Pelo IPCA-15, comer e beber ficou 9,75% mais caro neste ano. Os alimentos consumidos em casa, aqueles que as famílias compram nos supermercados, subiram ainda mais, 12,69%.
Há altas que assustam os consumidores. O arroz subiu 51,72% neste ano; o feijão carioca, variedade mais consumida no País, 21,15%; a farinha de trigo, 13,76%; o óleo de soja, 65,08%. Outras altas foram sentidas pelos consumidores. O tomate ficou 52,93% mais caro, as frutas subiram em média 18,49%, as carnes aumentaram 11,04% e o leite longa vida subiu 32,75%. São os itens que mais pesam no consumo das famílias de renda baixa e que, em geral, não podem ser substituídos por outros.
A alta do dólar e o aumento da demanda mundial por alimentos estimularam as exportações de produtos do agronegócio, do qual o Brasil é grande fornecedor. O pagamento do auxílio emergencial para mais de 67 milhões de pessoas a partir de abril estimulou o consumo doméstico, sobretudo de alimentos. São dois fatores poderosos que impulsionam os preços dos alimentos.
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