Em nenhum setor econômico o impacto da pandemia foi tão brutal quanto no turismo: ele foi o primeiro a ser paralisado, sofreu as piores perdas e será o último a ser normalizado.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o turismo brasileiro já acumulou prejuízo de R$ 290,6 bilhões desde o início da pandemia. Desde maio, quando se registrou o pico de prejuízo mensal (R$ 37,4 bilhões), o ritmo de perdas vinha caindo, chegando a R$ 13,3 bilhões em janeiro. Fevereiro registrou uma interrupção nesta tendência: as perdas foram de R$ 15,9 bilhões, com o setor operando com 42% de sua capacidade de geração de receitas. A escalada do contágio precipitará mais uma forte contração.
Mais da metade do prejuízo (51%) ficou concentrada em São Paulo (R$ 104,9 bi) e Rio de Janeiro (R$ 45,5 bi), com danos mais graves na aviação (com perdas de 50%), seguida por hospedagem (30%).
Diante disso, o setor merece especial atenção do poder público. O plano de recuperação do Ministério do Turismo prevê quatro eixos: preservação de empresas e empregos; melhoria da estrutura e qualificação de destinos; implantação de protocolos de biossegurança; e promoção de incentivo às viagens.
Representantes do setor solicitam ao governo a extensão do prazo das micro e pequenas empresas (MPEs) para pagar as primeiras parcelas do Programa Nacional de Apoio às MPEs, bem como a prorrogação de medidas especiais de apoio ao turismo, entre as quais a dispensa da devolução imediata e o reembolso parcelado dos serviços cancelados pelos clientes.
Os operadores do setor precisam estar atentos para se adaptar às mudanças comportamentais e aproveitar as oportunidades na fase de transição e no retorno à normalidade.
Num primeiro momento, especialistas apontam que as escolhas devem recair em viagens locais e de curta duração. Destinos de baixa aglomeração, como os de base comunitária e de ecoturismo, devem ser privilegiados. Crucial é o extremo cuidado com a implementação e comunicação dos protocolos de biossegurança.
As oportunidades são escassas. Mas o turismo seguro é uma alternativa. E há uma demanda reprimida, que os operadores precisam estar prontos para aproveitar, tão logo as restrições sejam reduzidas pela imunização.