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A resistência e os desafios do comércio

O comércio tradicional depende da evolução da economia e, sobretudo, da capacidade de consumo da população

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Por Notas & Informações
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Nos últimos 75 anos, a participação do setor de serviços no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro passou de pouco mais da metade (55,7%) para praticamente três quartos (73,9%). É uma evolução parecida com a observada no resto do mundo, onde os serviços, especialmente os financeiros, vêm ocupando espaços antes tomados pela indústria e pela agropecuária. Curiosamente, quando examinado separadamente, o comércio, que faz parte do setor de serviços, vem perdendo espaço. Em 1947, respondia por 16,3% do PIB; agora, sua fatia é de 13,7%.

A perda de participação no PIB é uma das mais notáveis transformações pelas quais vem passando o comércio nos últimos três quartos de século, como mostra um interessante estudo da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sobre os 75 anos de funcionamento da entidade e da evolução da economia brasileira no período.

O menor crescimento do comércio do que o do setor de serviços nos últimos anos mostra o estrangulamento do consumo interno, avalia o economista responsável pelo estudo, Antonio Everton Chaves Junior. No período considerado, diz ele, os serviços se constituíram em alternativas para o ambiente de negócios, mostrando o caminho por onde a economia brasileira passaria a crescer com mais intensidade. “Não bastasse esse fenômeno, as dificuldades de crescimento econômico dos últimos anos têm sido prejudiciais ao consumo no mercado doméstico”, completa o economista.

O quadro atual tende a intensificar a tendência observada nos últimos anos em todo o mundo. O uso crescente de recursos tecnológicos mais atualizados nos serviços financeiros, de saúde, de comunicações e de turismo, entre outros segmentos, tende a aumentar o peso do setor no PIB.

O comércio tradicional depende da evolução da economia e, sobretudo, da capacidade de consumo da população. Esse é um desafio antigo para o comércio num país como o Brasil, cuja economia demonstrou comportamento errático em diversos momentos do período de três quartos de século avaliado pela CNC.

A pandemia tornou ainda mais difícil a atividade comercial e colocou novos desafios ao setor: o comércio físico está perdendo espaço rapidamente para as transações eletrônicas e para as lojas virtuais. É uma mudança irreversível.