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Aceleração da inflação pode perder fôlego

Não há sinais de que se esteja num processo de aceleração contínua dos preços e alta pode ser temporária

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Por Notas & Informações
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Com a aceleração em relação a setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve em outubro sua maior variação (0,86%) para o mês desde 2002 (alta de 1,31%). Em setembro, a inflação tinha sido de 0,64%. Também a alta acumulada de 12 meses subiu entre um mês e outro, de 3,14% para 3,92%.

Está, assim, apenas 0,08 ponto porcentual abaixo da meta de inflação do ano, de 4%. Não há até agora, porém, sinais de que se esteja num processo de aceleração contínua dos preços. É bastante provável que a alta, embora pareça acentuada, seja temporária.

Mais uma vez, como mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo do IPCA, a maior variação foi do grupo alimentação e bebidas. Foi o que mais pesou (0,39 ponto porcentual) no IPCA de outubro.

Mas a alta dos alimentos, que prejudica mais as famílias de renda mais baixa e ainda é expressiva, pode estar perdendo fôlego. Em setembro, o aumento dos preços desse grupo foi de 2,28%; em outubro, de 1,93%.

Ainda assim, arroz e óleo de soja continuam a pesar muito no orçamento familiar. E o Índice Geral de Preços da Fundação Getúlio Vargas mostra forte pressão dos preços dos alimentos no atacado, o que indica a persistência da alta para o consumidor por algum tempo.

O fato de a variação acumulada em 12 meses ainda estar abaixo da meta e de a expectativa de que a pressão dos alimentos se reduza dentro de algum tempo tem levado os analistas do setor privado a avaliar como confortável a gestão da política monetária.

Embora admitisse que a alta de outubro foi maior do que a esperada, o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Fabio Kanczuk, observou que a aceleração da inflação no curto prazo já era esperada e foi levada em conta na reunião de setembro do Comitê de Política Monetária.

O que pode afetar a condução da política monetária no momento, ressaltou o diretor do BC, é a trajetória da dívida pública, que está condicionada à política fiscal. Também a atividade econômica pode ser afetada se a situação das contas públicas piorar.

Nesse campo, há pelo menos uma boa notícia: sabe-se agora, com a revisão anunciada pelo IBGE, que em 2018 o PIB brasileiro se comportou melhor do que se anunciara: cresceu 1,8%, 0,5 ponto mais do que o aumento de 1,3% da primeira estimativa.