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Alta dos alimentos acelera inflação dos mais pobres

Inflação para essa classe de renda subiu 0,89%, frente a alta de 0,82% para as famílias com renda mensal de 1 a 33 salários mínimos

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Por Notas & Informações
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A alta dos alimentos, que alcançou 12,7% nos últimos 12 meses, está pressionando mais acentuadamente a inflação das famílias mais pobres. Em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) calculado pela Fundação Getúlio Vargas subiu 0,89%, a maior variação desde dezembro do ano passado. Esse índice mede o efeito da variação dos preços no orçamento das famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos

A inflação para essa classe de renda ficou acima da variação média dos preços para as famílias com renda mensal de 1 a 33 salários mínimos, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-BR), que foi de 0,82%.

Outro indicador que mede a inflação da população mais pobre, calculado pelo Ipea, mostrou a mesma tendência, embora com números diferentes por causa da metodologia de cálculo: segundo o Ipea, a inflação dos mais pobres em setembro alcançou 0,98%, ante 0,29% da inflação das famílias mais ricas. A pressão, como no índice da FGV, veio principalmente de alimentos e bebidas.

É provável que, nos próximos meses, a inflação das famílias mais pobres permaneça maior do que a da média das famílias brasileiras, pois são fortes os sinais de que os preços dos alimentos continuarão a subir. No IPC-C1, os preços dos alimentos representam 23,4%; nos gastos das demais famílias, a fatia é de 19,3%.

Os produtos que compõem o item alimentação tiveram alta média de 2,23% em setembro, ante 0,76% em agosto. Destacou-se a alta de itens essenciais da mesa dos brasileiros: arroz e feijão tiveram alta de 10,64%, bem maior do que em agosto, de 1,02%. Essas altas afetaram mais fortemente o orçamento das famílias pois aumentou o consumo de refeições no domicílio.

Diminuiu a variação média dos preços dos grupos saúde e cuidados pessoais (de 0,61% para -0,10%), despesas diversas (de 0,58% para 0,26%), habitação (de 0,61% para 0,54%), comunicação (de 0,12% para 0,04%) e transportes (de 0,68% para 0,61%).

Nos primeiros nove meses de 2020, o IPC-C1 acumulou alta de 3,13% e, em 12 meses, de 4,54%. Este último resultado está acima da meta da inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional para este ano, que é de 4%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais e para menos; para 2021, a meta é de 3,75%, com a mesma faixa de tolerância.