06 de novembro de 2019 | 04h00
O crescimento de 0,3% da produção industrial entre agosto e setembro, revelado nos últimos indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pouco altera o quadro de estagnação do setor secundário. Este quadro se evidencia pelo recuo de 1,4% da indústria entre os primeiros nove meses de 2018 e de 2019 e pela queda em idêntico porcentual em 12 meses, bem como pelas avaliações dos especialistas.
Os técnicos do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) lembram que “a indústria completou em setembro quatro trimestres seguidos de declínio da produção”. O boletim Macro Brasil destaca que a produção industrial de setembro ficou abaixo das expectativas de mercado e do Banco Itaú, responsável pela publicação. Na indústria de transformação, a queda dessazonalizada do item impressão e reprodução de gravações chegou a 26,8%.
O segmento de bens duráveis de consumo, com avanço de 1,1% no terceiro trimestre de 2019 e de 1,6% entre os primeiros nove meses de 2018 e de 2019, evitou que os indicadores de setembro fossem ainda piores. O que explica esses resultados são a reativação do crédito e a diminuição dos juros, ainda que em escala inferior à do ritmo de queda da taxa Selic.
A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) Brasil mostrou crescimento em 11 dos 26 ramos pesquisados. A principal influência positiva veio de veículos automotores, reboques e carrocerias, revertendo o recuo do mês anterior.
No plano negativo, a pequena recuperação de setembro foi ajudada pelo calendário (o mês teve dois dias úteis mais do que setembro de 2018). O produto da indústria extrativa continua sofrendo os efeitos do desastre de Brumadinho.
Além disso, o desemprego segue elevado e as vagas abertas têm baixa qualidade. Afinal, segundo o Iedi, os “bens de capital já não crescem como antigamente”. A alta dos investimentos na construção tem evitado uma estagnação mais severa.
É possível que o quarto trimestre exiba resultados melhores, como sugerem outros indicadores. Mas a indústria tende a continuar com números inferiores aos dos serviços e do setor primário. Dada a qualidade dos empregos industriais, a recuperação da economia seria muito beneficiada pela retomada industrial.
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