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Balança comercial traz surpresa positiva

Em 2019, o saldo comercial atingiu US$ 46,7 bilhões, valor que atende às necessidades de financiamento do déficit na conta corrente do balanço de pagamentos, mas é o menor em quatro anos

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Por Notas & Informações
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Acumulam-se os indicadores do comportamento promissor da economia brasileira na passagem de 2019 para 2020. Após a divulgação dos dados do varejo e dos serviços, dos sinais de recuperação industrial e até da evolução favorável do item mais crítico – a abertura de vagas com carteira assinada –, sinais melhores (ou menos ruins) vêm da balança comercial, após um semestre fraco medido pela corrente de comércio (soma de exportações e importações).

O número mais expressivo do comércio exterior de dezembro foi o superávit comercial (diferença entre exportações e importações) de US$ 5,6 bilhões, inferior apenas, em 2019, ao registrado nos meses de abril (US$ 5,8 bilhões) e de maio (US$ 5,7 bilhões). As exportações caíram 10,6% em relação a dezembro de 2018 para US$ 18,2 bilhões e 7,5% em 12 meses para US$ 224 bilhões, mas a média de vendas ao exterior por dia útil – de US$ 865 milhões – é compatível com o ritmo fraco do comércio global. A recessão argentina teve impacto de US$ 5 bilhões nas exportações brasileiras. Impacto maior, de US$ 7 bilhões, teve a queda de cotações e de volume de soja vendida para a China.

Em 2019, o saldo comercial atingiu US$ 46,7 bilhões, valor que atende às necessidades de financiamento do déficit na conta corrente do balanço de pagamentos, mas é o menor em quatro anos. O superávit caiu quase 20% entre 2018 e 2019 e deverá ceder mais em 2020. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, prevê que o saldo caia para cerca de US$ 37,4 bilhões, pois as importações devem crescer mais do que as exportações devido à retomada da economia. Analistas privados como Ana Luisa Mello, da consultoria LCA, são mais otimistas.

A prioridade oficial, segundo Lucas Ferraz, secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, é a ampliação da corrente de comércio. Esta caiu 5,7% entre 2018 e 2019, de US$ 420,5 bilhões para US$ 401,4 bilhões. A corrente de comércio é o melhor indicador do grau de abertura da economia – ou seja, se o valor cai, a economia brasileira, que já é uma das mais fechadas do mundo, fecha-se ainda mais. Para que haja melhora em 2020, será preciso exportar mais, não só commodities como petróleo, minério de ferro, soja, milho e carnes, mas produtos manufaturados. A eficiência da indústria, portanto, estará novamente à prova.