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Como a pandemia afetou as ocupações

Alguns setores foram mais afetados do que outros pela covid e pelas medidas de isolamento

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Por Notas & Informações
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A pandemia estabeleceu um novo padrão na demanda por trabalhadores. Em resultado até certo ponto surpreendente, o número de empregados com registro em carteira aumentou no ano passado, com a abertura de 142,7 mil vagas, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia. Os números registrados a partir de julho foram mais do que suficientes para compensar as quedas observadas em março, abril e maio. O quadro melhorou até com rapidez.

Mas quando se examinam as contratações por profissão, nota-se um novo desenho do mercado. Algumas ocupações foram mais afetadas do que outras pela pandemia e pelas medidas de contenção do avanço da covid-19.

Ocupações como auxiliar de logística, estoquista e embalador de produtos cresceram na covid. Foto: Lojas Americanas

Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), tendo como base os dados desagregados do Caged, concluiu que, “das dez profissões com maior nível de ocupação no mercado de trabalho formal, apenas uma (alimentador de linhas de produção) figurou entre aquelas que registraram maior crescimento”.

O isolamento social estimulou a abertura de vagas para ocupações como auxiliar de logística (aumento de 28,1%), estoquista (19,1%) e embalador de produtos (12,7%). Também profissões ligadas à agricultura, único setor da economia que cresceu no ano passado, e à construção civil, impulsionada pela demanda de habitações em 2020, registraram aumento de contratações.

A recuperação do comércio nos últimos meses do ano igualmente propiciou a abertura de vagas para diversas ocupações. Como era previsível, aumentaram as contratações em ocupações relacionadas a serviços de entrega e de atendimento a distância (o número de ajudantes de motorista aumentou 11,1% e o de operadores de telemarketing, 10,4%).

Na outra ponta, ocupações ligadas ao atendimento presencial e ao transporte público foram as mais prejudicadas. O número de cobradores diminuiu 11,3% e o de motoristas de coletivos, 7,1%.

Preocupante é o impacto da pandemia sobre o mercado de trabalho de profissionais ligados à educação. Das 20 ocupações com maior redução do número de empregados, metade é de profissionais da área de educação. Foram fechados 72,2 mil postos de trabalho formal nessa área no ano passado.