Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Crescem sinais de recuperação mais intensa

Contudo, a recuperação depende que se assegure a volta da política de austeridade fiscal, tão logo a pandemia seja contida

Exclusivo para assinantes
Por Notas & Informações
1 min de leitura

A cada dia parece ser mais evidente que o auge da recessão ficou para trás e que o ritmo da atividade econômica se recompõe. “O pior já passou”, disse em entrevista coletiva a coordenadora do Conselho Econômico do Estado de São Paulo, Ana Carla Abrão Costa. A Fundação Seade já constata uma recuperação expressiva do PIB paulista, que aumentou 6,8% entre maio e junho, mostrando que o impacto mais agudo da pandemia do novo coronavírus sobre a economia vai sendo superado. Tendência semelhante, embora menos expressiva do que em São Paulo, também se verifica na média do País, segundo o último relatório de mercado Focus preparado pelo Banco Central (BC) com base em pesquisa feita em 7/8 com agentes econômicos privados.

A projeção para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, que chegou a ser negativa em 7,5% e atingiu ­6,1% quatro semanas atrás, passou para -5,66% há uma semana e agora está em -5,62%, informa o relatório Focus. Também nas últimas quatro semanas a estimativa de produção industrial passou de um indicador de -9% para -7,92% e agora para -7,87%. São números muito fracos, mas menos ruins do que os de um mês atrás.

O crescimento da produção industrial de 8,2% entre abril e maio e de 8,7% entre maio e junho, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi o sinal mais evidente de que a economia já se distancia do fundo do poço. Mas muitos economistas ainda avaliam com cautela qual será a força da retomada. Se há mais otimismo em São Paulo, onde se amplia, por exemplo, o horário de atendimento do comércio e dos restaurantes, em muitos Estados a crise sanitária ainda é intensa e, como o isolamento social foi posto em prática com atraso, as medidas preventivas ainda retardam a retomada.

A recuperação, notou o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, ao Estadão do último domingo, depende ainda de que se assegure a volta da política de austeridade fiscal tão logo a pandemia seja contida. Sem isso, será elevado o risco de uma crise de confiança na capacidade administrativa do governo. E a confiança é essencial para que se mantenha a disposição de compra dos consumidores, muitos dos quais têm preferido reforçar suas reservas financeiras dadas as incertezas quanto ao emprego e à renda futuros.