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Defasagem entre lançamentos e vendas de imóveis

Famílias estão dispostas a assumir compromissos financeiros de longo prazo, mas empreendedores mostram cautela com relação ao futuro

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Por Notas & Informações
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O robusto crescimento nas vendas de imóveis residenciais novos no País não está sendo acompanhado pelos lançamentos. Desse modo, a oferta disponível (estoque de imóveis à venda) está diminuindo. Esse quadro, mostrado nos Indicadores Imobiliários Nacionais da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), confirma a forte disposição das famílias em assumir compromissos financeiros de longo prazo, como costumam ser os negócios imobiliários, mas mostra certa cautela dos empreendedores com relação ao futuro próximo.

O gráfico das vendas acumuladas em 12 meses mostra tendência de alta desde o início de 2017, com poucas exceções. As mais notáveis são, obviamente, dos meses iniciais da pandemia. Nos 12 meses até maio de 2021, no entanto, o resultado é o maior de toda a série, com total de 207.946 unidades vendidas. Em maio do ano passado, o total era de 184.275 unidades.

Os lançamentos de imóveis residenciais tiveram alta de 3,7% no primeiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado Foto: Clayton de Souza/Agência Estado

O aumento no período é de 12,85%, expressivo levando-se em conta o ritmo da atividade econômica e as dificuldades que o País enfrentou, e continua a enfrentar.

Considerando-se apenas as vendas no trimestre, o resultado do período janeiro-março de 2021 (53.185 unidades) é 27,1% maior do que o de igual período de 2020 (41.831). Na comparação com o trimestre anterior (o último de 2020), o resultado dos primeiros três meses de 2021 é negativo, com redução de 12,4%. A redução não surpreende nem sinaliza mudança de rota. O período outubro-dezembro concentrou, simultaneamente, grande volume de lançamentos (67.212 unidades, ante 50.826 no trimestre anterior) e de vendas (60.702 unidades, ante 57.226).

O ritmo dos lançamentos foi menos intenso. O total do primeiro trimestre, de 28.258 unidades lançadas, superou o de um ano antes (de 27.244 unidades) em apenas 3,7%. A Cbic atribui o resultado às incertezas com relação aos custos dos materiais e insumos.

O descompasso entre vendas, em forte alta, e lançamentos, com expansão moderada, resultou na redução da oferta final (estoque), de 180.754 unidades no fim do primeiro trimestre de 2020, para 153.914 um ano depois, com queda de quase 15%.

Considerando-se a média das vendas de 12 meses, o estoque atual se esgotaria em 8,9 meses. Um ano antes, havia estoque para 11,8 meses de vendas.

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