02 de outubro de 2020 | 03h00
A pandemia expôs da maneira mais traumática a importância da gestão de risco. A crise tem características do que se convencionou chamar “cisne negro”: um risco de alto impacto, extremamente improvável, mas real. Cada vez mais os investidores e demais partes interessadas esperarão que as empresas saibam ponderar os riscos, não apenas os de choques externos, mas aqueles envolvidos em oportunidades para o negócio. Afinal, expansão e inovação sempre comportam riscos.
Uma pesquisa da KPMG mensurou o estado da questão no Brasil. De um modo geral, houve evolução nos últimos dois anos. Considerando os cinco níveis de maturação em gestão de risco, o número de empresas cotadas nos dois mais altos, “avançado” e “integrado”, aumentaram respectivamente 6% e 5%. O número de empresas nos mais baixos (“fraco” e “sustentável”) caiu de 56% para 45%. Apesar da melhora, portanto, há ainda uma parcela razoável desassistida por boa gestão de risco.
Entre 21 setores, os mais bem avaliados são Transporte, Viagens e Turismo; Logística e Distribuição; e Energia, Recursos Naturais e Saneamento. Por outro lado, setores importantes como Educação; Entretenimento e Mídia; Varejo; e Agronegócio foram considerados fracos.
Os principais riscos apontados pelas empresas são os regulatórios e operacionais (64%). Para Luis Navarro, um dos responsáveis pela pesquisa, isso se deve às incertezas quanto ao cenário de reformas e privatizações. Outros riscos apontados foram no âmbito da estratégia de negócios (42%); mudanças nas políticas governamentais (34%); e riscos econômicos (33%). É preciso considerar que a pesquisa foi feita entre janeiro e março, antes do período agudo da pandemia. É provável que hoje os riscos ligados a questões socioambientais e à tecnologia da informação tenham ganhado mais relevância.
Entre os principais obstáculos apontados estão a ausência de cultura sobre o tema (67%), falta de clareza das corporações sobre benefícios potenciais (59%) e a existência de outras prioridades (56%).
Há um vasto campo de trabalho. Em um mundo cada vez mais globalizado e em transformação, uma síntese equilibrada entre imunização aos riscos e apetite por oportunidades será mais crucial como ferramenta para a competitividade e resiliência dos negócios.
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