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Efeito instantâneo da crise sobre o varejo

Estima-se que 47 mil empresas fecharão as portas, reduzindo em 444 mil o número de pessoas empregadas no setor

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Por Notas & Informações
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Entre os segmentos afetados mais rapidamente pela crise do coronavírus está o comércio – com poucas exceções, as lojas estão de portas fechadas e perdem bilhões de reais em vendas. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP) calcula uma diminuição do faturamento do varejo do País no trimestre abril/junho de 2020 entre R$ 115 bilhões e R$ 138 bilhões. Sendo impossível delimitar as consequências da pandemia, os prognósticos não são conclusivos, mas dão uma boa ideia do custo em que comerciantes e empregados no varejo terão de incorrer até que a crise seja vencida.

Antes da pandemia, a FecomercioSP estimava em R$ 1,96 trilhão o faturamento do varejo em 2020, alta de 2,4% em relação a 2019. Instalada a crise, o faturamento deverá cair, num cenário moderado, para R$ 1,85 trilhão; e num cenário agudo, para R$ 1,82 trilhão.

Na hipótese aguda, a queda das vendas poderá atingir 15%, superando os 10% registrados no biênio 2015/2016, no auge da recessão da era petista. Entre 2013 e 2017, quase 100 mil empresas do varejo foram fechadas.

O varejo brasileiro abriga 1,3 milhão de empresas que empregam, em tempos normais, 8,5 milhões de trabalhadores. Com a crise, estima-se que 47 mil empresas fecharão as portas, reduzindo em 444 mil o número de pessoas empregadas no setor. Destas empresas, 44 mil serão micro, pequenas e médias que eliminarão 191 mil vagas.

No Estado de São Paulo, o cenário agudo contempla uma redução do faturamento da ordem de R$ 70 bilhões em 2020, para R$ 713 bilhões, queda de 4,9% reais em relação a 2019.

Facilidades creditícias e consumo de capital próprio – quando este capital existe – ajudarão os varejistas a sair da crise no segundo semestre. A FecomercioSP afirma em nota que “entende e aceita as restrições impostas ao funcionamento do comércio e à circulação de pessoas, que devem permanecer em suas casas para evitar a contaminação, mas tem cobrado dos governos estadual e federal mais profundidade e velocidade das ações já anunciadas para a manutenção das empresas e dos empregos, bem como um plano de retomada da economia”. É o possível, quando saúde e economia devem andar juntas.