Os valores absolutos do desempenho das empresas estatais controladas pela União são impressionantes. Os ativos totais, o resultado líquido e os dividendos e os juros sobre capital próprio pagos ao governo parecem excepcionalmente bons. Muito dessa aparência, no entanto, é apenas ilusão. Quando se afere a rentabilidade dessas empresas, constata-se grande dose de ineficiência e de custo para o setor público.
De acordo com Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais elaborado pelo Ministério da Economia, essas empresas receberam R$ 19,4 bilhões do Tesouro em 2020, mas pagaram apenas R$ 5,4 bilhões em dividendos.
O Relatório apresenta dados de 46 estatais cuja participação no PIB brasileiro corresponde a 5,3%. A presença de gigantes como Petrobrás, Eletrobrás, Correios, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, entre outras estatais, assegura essa fatia tão grande da economia nacional.
Seus ativos totais somaram R$ 5,3 trilhões no ano passado; o faturamento alcançou R$ 737,4 bilhões; seu patrimônio líquido somou R$ 768,8 bilhões; e seu resultado líquido foi de R$ 60,6 bilhões.
Quando se compara o retorno com o patrimônio líquido do conjunto dessas empresas, o resultado é frustrante. O indicador fica apenas em 7%. Já o retorno sobre ativos (relação entre lucro e ativo total médio) é ainda menor, não passando de 1%. “Isso mostra que a eficiência das estatais é muito baixa”, avalia o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord de Faria.
Na prática, em lugar de propiciar resultados adequados à União, essas empresas travam o desenvolvimento do País, diz o secretário. O que elas têm de participação no PIB representa a fatia da economia “que não conseguimos desenvolver”, completa.
Quanto ao quadro de pessoal, impressionam não apenas o custo da folha dessas empresas, de R$ 96,6 bilhões no ano passado, mas também a remuneração em algumas delas. Os honorários dos presidentes podem chegar a R$ 2,9 milhões por ano.
O salário médio dos funcionários da PPSA, responsável pela gestão dos contratos de partilha do petróleo do pré-sal, é de R$ 34 mil; no BNDES, de R$ 31 mil. Algumas pagam integralmente o plano de saúde dos funcionários.