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Inflação mais alta para quem ganha menos

A inflação das pessoas que recebem até 2,5 salários mínimos mensais aumentou 0,61% em janeiro e atingiu 4,29% nos últimos 12 meses

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Por Redação
Atualização:

Com um aumento de 0,61% em janeiro, a inflação das pessoas que percebem até 2,5 salários mínimos mensais medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi a mais elevada para o mês desde 2016 e atingiu 4,29% nos últimos 12 meses. É má notícia para aqueles que estão na parte mais baixa da pirâmide salarial e têm menos capacidade de se defender das altas de preços.

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A maior influência sobre o IPC-C1 veio do item transportes, que saiu de uma deflação de 0,52% em dezembro de 2018 para uma inflação de 1,84% em janeiro de 2019. A alta decorreu do aumento médio de 3,87% das tarifas de ônibus urbanos, que haviam caído 0,32% em dezembro. Só a tarifa de ônibus teve uma participação de 0,29 ponto porcentual no IPC-C1, ou seja, respondeu por quase a metade de toda a variação do indicador. Isso não se repetirá neste mês, para o qual restou apenas “um rescaldo” da alta, notou o economista André Braz, da FGV.

O reajuste das mensalidades escolares também influenciou, para pior, a inflação das faixas de menor renda em janeiro: o item educação, leitura e recreação, com elevação de 2% no mês, subiu três vezes acima do 0,66% registrado no mês anterior. A inflação em 12 meses do IPC-C1 superou a de dezembro de 2018 e é provável que também supere a inflação oficial medida pelo IPCA do IBGE. O IPCA-15, divulgado em 23 de janeiro, mostrou alta de 0,3%, acumulando 3,77% em 12 meses.

Não se trata, no caso do IPC-C1, de resultado muito ruim e que não possa ser revertido. Braz acredita que a tendência de fevereiro será a estabilização do indicador. Isso, afirmou o economista, é muito mais provável do que uma nova elevação de preços superior à média histórica.

Mas alguns itens do indicador da FGV atingiram patamares desconfortáveis. Em 12 meses, até janeiro de 2019, a inflação do item habitação atingiu 5,08%, superior à de 4,02% registrada no ano passado. Pelo mesmo critério, as despesas com alimentação avançaram 4,99%, um porcentual elevado, ainda que inferior ao de 5,35% observado em 2018. Tanto habitação quanto alimentação são classes de despesas muito relevantes para as famílias de baixa renda. A inflação contida é fator decisivo para que estas famílias elevem o consumo e contribuam para a retomada.