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Informalidade gera 40% da renda familiar

Participação de salários na renda familiar foi de 56% da renda domiciliar no País em 2018, enquanto em 2014 atingia 63%

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Por Redação
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Pesquisa recente da consultoria Kanter WorldPanel, envolvendo 11 mil domicílios, deixa claro em que medida a informalidade tem levado a uma redução da renda das famílias brasileiras. O levantamento mostra que 40% dos ganhos dos domicílios em 2018 provieram de atividades informais ou de benefícios pagos pelo governo, como aposentadorias, pensões ou salário-família. Em 2014, antes de o País resvalar para a uma profunda crise, esses rendimentos correspondiam a 1/3 da renda familiar.

Os ganhos obtidos por todo tipo de “bicos” ou ocupações provisórias são muito menores – entre 30% e 40% – que a renda proveniente de salários, “e falta dinheiro no fim do mês”, afirma Fábio Bentes, economista da Confederação do Comércio, Bens e Serviços (CNC).

Apesar da recuperação gradativa das contratações com carteira assinada nos últimos meses de 2017 e em 2018, os salários passaram a ter um peso menor sobre a renda familiar. A participação de salários foi de 56% da renda domiciliar no País no ano passado, enquanto em 2014 atingia 63%.

O estudo revela que, em 2018, pelo terceiro ano consecutivo, o gasto médio com despesas básicas, como alimentação, habitação, transporte e saúde, tem superado a renda familiar em 2%. De modo geral, a renda mensal por domicílio foi de R$ 3.173, enquanto a despesa mensal ficou em R$ 3.241.

Como seria de esperar, a situação é mais grave nas regiões mais pobres. No Norte e no Nordeste, os salários contribuíram para 47% da receita doméstica em 2018, enquanto os rendimentos informais e benefícios somaram 49%. No Rio de Janeiro, mais da metade da renda das famílias provém da informalidade e de benefícios pagos pelo governo.

Como os rendimentos desta massa da população não cobrem suas despesas, o resultado é endividamento, quando viável, devendo-se notar que houve uma elevação de 4,41% na taxa de inadimplência de consumidores em 2018, segundo o SPC Brasil.

O volume de dívidas contraídas no comércio ou no sistema financeiro tem impedido o reequilíbrio do orçamento das famílias. Nesse sentido, o Estado de São Paulo é uma exceção. Um certo número de famílias paulistas tem tido mais folga no bolso, mesmo na informalidade, mas, na maioria dos casos, isso resultou de um corte fundo nas despesas domésticas.