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Investimentos baixos, lento crescimento

Enquanto países de rápido crescimento investiram 30% do PIB nos últimos 40 anos, o Brasil mal superou os 20%

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Por Notas & Informações
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A queda expressiva de 15,9% do Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) de dezembro do ano passado para janeiro de 2021 deveu-se, em grande medida, a um evento contábil acidental. Não pode ser interpretada como o marco de uma nova tendência para esse importante indicador da capacidade de crescimento da economia. Mas a tendência que vem se mantendo há anos não é animadora. A taxa de investimentos, medida pela relação entre a FBCF e o Produto Interno Bruto, tem sido baixa, sem dar sinais de recuperação.

O resultado de dezembro do Indicador de FBCF, como explica o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em sua mais recente Carta de Conjuntura, deveu-se ao registro, no mês, de um alto valor referente à importação de plataformas de petróleo, o que não se repetiu em janeiro. Daí a redução forte entre um mês e outro.

Consumo aparente de máquinas e equipamentos diminuiu 37,1% em janeiro. Foto: Arquivo/Agência Brasil

Comparações menos sujeitas a bruscas oscilações como esta mostram um quadro mais próximo da real evolução dos investimentos. Uma delas é a comparação dos resultados acumulados de 12 meses com o período imediatamente anterior. Nesse caso, o Indicador Ipea mostrou, em janeiro, redução de 1,3% na comparação com o período anterior. Embora bem menor, houve queda também nessa comparação.

Em janeiro, o consumo aparente de máquinas e equipamentos (calculado pela soma da produção nacional destinada ao mercado interno e das importações) diminuiu 37,1% na comparação com dezembro, por causa das importações de equipamentos de petróleo no fim do ano passado.

Os investimentos em construção – que também compõem a FBCF – tiveram pequena redução, de 0,2%, entre um mês e outro. Os demais componentes desse indicador registraram alta de 12,5%, reduzindo o impacto dos outros componentes da FBCF.

A taxa de investimentos no Brasil vem se mantendo baixa há muito tempo. Enquanto países de rápido crescimento ostentaram taxas superiores a 30% do PIB nos últimos 40 anos, o Brasil, em seus melhores anos, mal conseguiu superar os 20%. 

Nas últimas três décadas, a maior taxa de investimentos, de 21,53% do PIB, foi alcançada no terceiro trimestre de 2010, segundo estatísticas do Ipea. No ano passado, ficou em 16,4%, segundo o IBGE. É muito pouco para um país que precisa crescer contínua e rapidamente.