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Investimentos estão sem força, segundo o Ipea

Um dos piores resultados do indicador do Ipea diz respeito à estagnação da construção civil, setor que espera uma virada positiva neste ano

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Por Editorial Econômico
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Os números insatisfatórios da atividade econômica e da confiança na retomada registrados nos últimos dias pelo Banco Central (BC), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) também estão presentes no Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). O índice só mostrou avanço de 1,3% entre dezembro e janeiro na série com ajuste sazonal por causa do aumento das importações de máquinas e equipamentos no período – e, em especial, das importações de plataformas de petróleo. Trata-se de importações fictícias, só lançadas por causa do regime especial aduaneiro do setor de petróleo, como enfatiza a nota do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Construção civil caiu 2,0% no primeiro trimestre do ano Foto: Werther Santana/Estadão - 13/7/2018

No trimestre compreendido entre os meses de novembro de 2018 e janeiro de 2019, comparativamente ao trimestre anterior, a FBCF caiu 2,3%, com recuo de 7,5% em máquinas e equipamentos, de 0,8% na construção civil e leve crescimento de 1% na rubrica outros investimentos.

As comparações apresentaram resultados melhores em relação ao mesmo trimestre de um ano atrás (+5,8%) e nos últimos 12 meses (+4,3%), mas é indesmentível que os resultados mais recentes estão em rápido declínio.

Algumas explicações poderiam ser buscadas para entender a fraqueza dos investimentos, como as incertezas que dominam a economia mundial e seus reflexos sobre o Brasil, além das incertezas locais, agravadas por declarações de autoridades do novo governo, inclusive do presidente da República, de que o objetivo é, primeiro, corrigir os rumos do Brasil, o que pode ser entendido como a disposição de deixar para um segundo momento uma agenda positiva. Incertezas são ruins para investidores. Não basta o êxito do leilão de aeroportos, há alguns dias, para imaginar que a situação mudou da noite para o dia.

Um dos piores resultados do indicador do Ipea diz respeito à estagnação da construção civil, setor que espera uma virada positiva neste ano. A construção é grande empregadora de mão de obra, movimenta com suas decisões de investimento inúmeros segmentos de atividade, dos serviços profissionais à aquisição de insumos e à atividade creditícia, e é uma das maiores contribuintes da FBCF. A nota do Ipea reforça as dúvidas quanto à força da retomada.