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Isolamento mais brando não chega a animar o varejo

Comércio ainda terá de trilhar um longo caminho até voltar à normalidade, apontam indicadores

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Por Notas & Informações
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A reabertura gradual do comércio não essencial foi insuficiente para reanimar o setor e, em especial, para afastar a percepção pessimista dos empresários quanto às dificuldades da retomada do ritmo da atividade, duramente afetada pela crise do novo coronavírus. É o que mostra o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) de agosto, elaborado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Entre julho e agosto, a confiança do comércio cresceu 11,5%, maior evolução histórica do Icec. Mas, ao atingir 78,2 pontos, o indicador não retornou aos níveis positivos e é 32% inferior ao de 12 meses atrás. Melhoraram as expectativas dos empresários do setor, que registraram 127,1 pontos e estão no campo positivo, que ocorre com índices superiores a 100 pontos, mas as intenções de investimento estão em 70,5 pontos, queda anual de 18,7%, e as condições atuais registram 36,9 pontos, 58,2% inferiores às de um ano atrás.

O pior dos indicadores de confiança da CNC diz respeito à crença numa retomada econômica acentuada. É a economia, portanto – e, pode-se inferir, a condução da política econômica –, o que mais afeta a confiança do comércio. Não é para menos. Quando o governo abandona os objetivos de promover a privatização, reluta em propor uma reforma administrativa de impacto e insiste em recriar tributos condenáveis, como a CPMF, conquistar a confiança dos empresários fica muito difícil.

O Icec demora, assim, a mostrar uma reação forte. O índice de condições correntes do setor do comércio está em apenas 41,1 pontos, com alta de 6,5% em relação a julho, mas com queda de 51,9% comparativamente a agosto de 2019. Segundo os especialistas da CNC, “as avaliações negativas representaram 83,7% das respostas dos empresários, menores, portanto, do que os 85,2% de julho e acima dos 55,4% em agosto de 2019”.

Citando o relatório Focus do Banco Central (BC) de 14/8, a CNC entende que o pior dos efeitos da crise sanitária sobre a economia ocorreu em abril e que a tendência é de os indicadores do Produto Interno Bruto (PIB) se tornarem menos negativos. Mas o comércio ainda terá de trilhar um longo caminho até voltar à normalidade. Ainda incerta, a velocidade da recuperação será determinante para balizar a confiança desse segmento essencial para a geração de empregos.