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Leiloada a ferrovia da soja e do milho

Rumo venceu com um ágio de 100,9% sobre o preço mínimo de R$ 1,353 bilhão e assegurou o controle de 1.537 km da estrada de ferro

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Por Redação
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Apenas dois grupos disputaram a concessão do último trecho da Ferrovia Norte-Sul, há poucos dias, mas a Rumo, do Grupo Cosan, venceu propondo ágio de 100,9% sobre o preço mínimo de R$ 1,353 bilhão para assegurar o controle de 1.537 km da estrada de ferro. O consórcio concorrente VLI (da Vale, Brookfield, Mitsui e FI-FGTS) ofereceu ágio de 52,6%. Com a extensão total de 4.155 km, a Norte-Sul, quando estiver pronta, em 2021, fará a ligação direta entre os Portos de Santos, em São Paulo, e de Itaqui, no Maranhão.

A Norte-Sul terá capacidade para elevar em 15 vezes o volume atual de transporte de grãos, estima o professor da Fundação Dom Cabral Paulo Resende. O custo do transporte hoje feito por rodovia deverá ser muito reduzido. A Rumo pagará R$ 2,72 bilhões pelo direito de explorar por 30 anos o trecho central da ferrovia entre Porto Nacional, no Tocantins, e Estrela d’Oeste, em São Paulo. O pagamento será feito em 120 parcelas trimestrais.

Mais importante será o investimento previsto de R$ 2,7 bilhões, permitindo o escoamento da produção de soja e milho do Centro-Oeste e o transporte de petróleo e derivados de São Paulo até os Estados de Goiás e de Tocantins.

O leilão do tramo central foi aprovado no governo Michel Temer. Ele permite, agora, pôr fim ao controle de trechos da Norte-Sul pela estatal Valec, associada a sucessivos escândalos – como a compra de trilhos chineses de baixa qualidade em 2007, na era Lula – e cuja extinção foi prometida pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Para isso e para novas concessões será preciso que se reúna o conselho de ministros do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do novo governo.

Com o leilão da semana passada, a Norte-Sul será controlada no tramo Norte, entre Açailândia e Porto Nacional, pelo consórcio VLI. A ligação entre Açailândia e o Porto de Itaqui tem por concessionária a Vale. O maior trecho será da Rumo.

Ainda neste ano, segundo Freitas, poderão ser leiloadas a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), entre Ilhéus (Bahia) e Figueirópolis (Tocantins), e a Ferrogrão, ligando Sinop (Mato Grosso) ao Porto de Miritituba (Pará).

Os leilões de março (aeroportos, terminais portuários e a Norte-Sul) mostraram que o setor privado está disposto a investir em infraestrutura. Isso é essencial, dada a situação precária das contas públicas.