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Medidas de defesa comercial afetam as exportações

Restrições aos produtos brasileiros implicarão perdas de exportação de US$ 856,8 milhões, cerca de R$ 4,6 bilhões

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Por Notas & Informações
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Num ano marcado pelo impacto da pandemia em todas as atividades sociais e econômicas, muitos países adotaram medidas de defesa comercial para conter o que consideram concorrência desleal. Levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso exclusivo constatou que, em 2020, o Brasil foi objeto de 27 medidas desse tipo decididas por 12 países. As restrições aos produtos brasileiros implicarão perdas de exportação de US$ 856,8 milhões (cerca de R$ 4,6 bilhões). Mas, ao contrário do que historicamente fazia, o governo brasileiro não adotou nenhuma medida desse tipo no ano passado.

“Temos que reavaliar nossa política e avaliar se estamos alinhados com o resto dos países”, observou o gerente de Negociações Internacionais da CNI, Fabrizio Panzini. A entidade representativa da indústria reconhece que o governo vem monitorando a aplicação das medidas de restrição aos produtos brasileiros, em trabalho articulado com o setor privado. Mas considera ser necessária “uma ação diplomática mais enérgica”.

Em 2020, Brasil foi objeto de 27 medidas de defesa comercial decididas por 12 países. Foto: Werther Santana/Estadão

Não será prudente esperar que tal ação decorra de iniciativa do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Ele está mais preocupado em defender o presidente Jair Bolsonaro em todo foro a que tenha acesso e a disseminar o pensamento do bolsonarismo radical, em lugar de defender os interesses do Brasil no exterior.

O Ministério da Economia, de sua parte, informou que trabalha ativamente no apoio aos exportadores em investigações ligadas à defesa comercial de outros países. Citou como resultado positivo desse apoio a não imposição pelo governo dos Estados Unidos de direito antidumping às exportações brasileiras de madeira.

O governo americano, até janeiro chefiado por Donald Trump – que o presidente Jair Bolsonaro considerava seu aliado e o chanceler brasileiro tomava como exemplo de político a ser seguido pelo mundo –, foi o que mais aplicou medidas contra produtos brasileiros.

Foram sete, pouco mais de um quarto do total, mas com impacto financeiro muito mais pesado, de estimados US$ 636 milhões, praticamente três quartos das perdas totais estimadas pela CNI. Os EUA sempre foram ativos na sua defesa comercial, e as eleições do ano passado, que Trump perdeu, podem ter estimulado mais medidas desse tipo.