27 de novembro de 2020 | 03h00
Uma rara combinação de fatores muito favoráveis deve propiciar, neste ano, o crescimento de quase 40% da receita de boa parte dos produtores rurais. É como se a pandemia não tivesse chegado ao campo.
Produção recorde de grãos, de mais de 250 milhões de toneladas; crescimento da demanda na China, o principal importador de produtos brasileiros; alta dos preços internacionais dos itens que mais pesam nas exportações do País; e desvalorização expressiva do real em relação ao dólar são fatores que, combinados, estão fazendo do interior um país economicamente muito diferente daquele visto nos grandes centros urbanos.
Enquanto a indústria, o comércio e os serviços mal conseguem recuperar as perdas em que incorreram no período em que a pandemia mais afetou suas operações, o campo mostra resultados financeiros exuberantes.
O economista Fabio Silveira, sócio da empresa Macrosector, estima que, neste ano, os produtores de grãos vão receber R$ 347,2 bilhões com a venda de sua produção. É um valor 37,4% maior do que o obtido pelos produtores no ano passado. Se confirmada, será a maior expansão em quase 20 anos (em 2003, a receita cresceu quase 50%).
Os cálculos de Silveira, feitos a pedido do Estado, referem-se à venda da safra estimada pelo IBGE para grãos como soja, milho, arroz, feijão, trigo e algodão. Os valores se basearam em pesquisas da Fundação Getúlio Vargas, cotações das Secretarias de Agricultura e cotações da Bolsa de Cereais, entre outras fontes.
Em sua última estimativa, anunciada há duas semanas, o Ministério da Agricultura calculou que, neste ano, o valor bruto da produção agropecuária alcançará R$ 848,6 bilhões, com alta de 13,14% sobre o resultado de 2019. As contas do governo federal incluem a produção pecuária (cujo valor deverá crescer bem menos que o da produção agrícola) e outros produtos não computados nos cálculos de Silveira. Também a metodologia é outra, daí a diferença de resultados. Mas ambos mostram grande aumento do valor da produção.
Capitalizados, os produtores ampliaram os investimentos na safra que está sendo plantada. Também ampliaram seu consumo, fazendo a roda da economia local girar mais rapidamente. E a inadimplência entre eles está na mínima histórica. É um mundo que desfruta do crescimento.
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